Aos 78 anos, Adelar Bertussi ganha documentário sobre sua trajetória e mostra por que é tão reconhecido como artista e cidadão. Obviam...
Aos 78 anos, Adelar Bertussi ganha documentário sobre sua trajetória e mostra por que é tão reconhecido como artista e cidadão.
Obviamente, grande parte das tantas condecorações e homenagens prestadas a Adelar Bertussi ao longo de seus 78 anos estão ligadas à trajetória de sucesso, seja o trabalho solo ou o trilhado ao lado do irmão mais velho, Honeyde, com quem formou a dupla Irmãos Bertussi. São dezenas de discos e mais de 400 composições que até hoje constituem uma bela fatia do repertório entoado em bailantas e festivais de música ao redor de todo o Brasil. Mas só depois de conversar com o músico é que se entende a origem de tanto êxito. Dono de um olhar limpidamente azul, ele impressiona pela humildade, pela paciência e pelo bom humor. Afirma com convicção que não tem inimigos, e ninguém duvidaria disso. Exímio tocador de acordeom, Adelar traz em seu sangue a mistura do italiano com bugre, assim como grande parte dos moradores da Serra. É artista, homem e pai que acredita em anjo da guarda e mira o céu diariamente para agradecer tudo que o Patrão Velho tem lhe mandado.
Imortalizado em monumento de bronze na sua querida terra natal, São Jorge da Mulada, no distrito caxiense de Criúva, o músico e sua rica história estão agora eternizados também em filme. O documentário musical Adelar Bertussi – O Tropeiro da Música Gaúcha, produzido pela Spaghetti Filmes, teve pré-estreia para convidados na terça-feira e será exibido ao público pela primeira vez neste sábado, durante a programação do Gaitaço de Criúva. Os 90 minutos da produção mostram um Adelar totalmente à vontade em frente às câmeras, remontando a linha do tempo que guiou sua vida. Além disso, o músico veterano entoa, ao lado do filho Gilney (também acordeonista), canções que marcaram a cultura gaúcha, o que identifica o caráter de documento musical da produção.
– Ele (Adelar) tinha vontade de fazer um DVD musical. Então nós propomos um documentário musical, com um registro sobre a trajetória dele e dos Irmãos Bertussi. E ele topou – diz o diretor da produção, Lissandro Stallivieri.
Foram mais de cinco horas de entrevistas gravadas. O filme tem ainda imagens e fotografias antigas e é permeado por histórias (algumas hilárias) contadas por Adelar. Ao final, também aparecem depoimentos de diversas personalidades ligadas ao tradicionalismo e amigos do tropeiro da música gaúcha.
– Adelar é uma pessoa que tem muitos seguidores e amigos fiéis. Dá para notar que ele nasceu para ser um artista. É uma pessoa bondosa e otimista. Para mim, foi um orgulho ter participado desse trabalho, acredito que um dos mais importantes que já fiz – revela Stallivieri.
Adelar Bertussi – O Tropeiro da Música Gaúcha demorou mais de três anos para ser produzido, mas o resultado, pelo menos na avaliação do personagem principal, compensou, e muito, a espera.
– É um presente magnífico, inesquecível. Fico perguntando quem sou eu para merecer uma homenagem dessa – disse o emocionado Adelar Bertussi na pré-estreia.
Em frente a um grupo de amigos e familiares que assistiram ao documentário, Bertussi ainda fez um pedido.
– Por favor meu filho, continue esta obra. Estou perdido de emoção – solicitou, chorando, a Gilney.
Eterna confusão
Empresário do grupo Os Bertussi (comandado por Gilney) e responsável pela agenda profissional de Adelar Bertussi, Adroaldo Pereira Pezzi, 57, é amigo de longa data. Ele acompanha os passos dos Bertussi de perto desde 1983 e, de 1998 até 2006, chegou a tocar bateria para o grupo. Dessa forma, pôde fazer parte de muitos causos do grupo. Adroaldo conta que, nesses quase 30 anos de trabalho, pelo menos uma situação engraçada já se repetiu incontáveis vezes:
– Sempre tem alguém que chega para o Adelar e diz “Oh, Honeyde véio, eu era muito fã do teu falecido irmão, Adelar”. O pessoal confunde muito eles dois – relata.
Mesmo sendo amigo e colega de trabalho, Adroaldo também se junta à legião de fãs:
– No início, eu não tinha a dimensão do sucesso que esse homem faz. Ele é conhecido mundialmente. Como artista, eu acho que ele é primeiro e único no estilo. É uma pessoa muito humilde. Depois dos shows, fica duas horas dando autógrafo e batendo foto. Ele é do povão.
Post: Carol Cassel
Fonte: O pioneiro de Caxias do Sul e Blog Produto Cultural Gaúcho
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