Uma visita Guarani... Num destes fins de semana numa tarde ventosa e acinzentada, para não dizer fria, eis que recebo uma “visita” Guarani....
Uma visita Guarani...
Num destes fins de semana numa tarde ventosa e acinzentada, para não dizer fria, eis que recebo uma “visita” Guarani...
Estava eu imerso em meus estudos filosóficos, bem abrigado, bem alimentado e vestido, na proteção do meu lar... Quando de surpresa o meu irmão me diz:
- “Olha ai! Olha ai os Índios, os teus Índios chegando aqui...” Eu me pus a ver de perto, e abro a porta pra recebê-los, ainda surpreso, e eis que realmente eram índios, mais precisamente duas Crianças, uma não tinha mais que Oito anos e a outra não mais que dez anos precisamente, vendendo seus cestos de vime e taquara, com outros artesanatos dos mesmos materiais.
Eles adentraram minha casa, eram crianças descendentes do tronco tupi-guarani, mas o que tem de tão especial, nesta visita? Neste Fato? Pois é comum nestes tempos de hoje visitas, como estas e de outras etnias, agora afora o fato do meu grande apreço por estas culturas esquecidas, mal tratadas e Vilipendiadas pela dita civilidade, me encontro num período de estudo do dialeto tupi-guarani, e que inclusive existe um projeto tramitando na esfera federal, para que este idioma se torne o idioma mãe ou oficial da América do Sul.
Já não é sem tempo de darmos o devido valor a esta nação, que foi e esta covardemente sofrendo um processo de aculturação com um esquecimento planejado de seus valores e costumes, por a civilização racional, a que usa o raciocínio e a razão, a dos “homens brancos”...
Este etnocidio de há muito vem acontecendo e com esta visita me sugestionou escrever estas linhas, para que todos nós possamos refletir sobre o pouco que podemos ajudar estes nossos irmãos...
O filosofo Frances J.J Rousseau afirma: “Se nossas ciências são inúteis no objeto a que se propõem, são ainda mais perigosas pelo efeito que produzem¹”. Enfatizando o porquê ou quem sabe uma das causas desta aculturação indígena, noutra obra importante assevera o autor:
“Na verdade desde a chegada dos primeiros colonizadores, até a atualidade, tem havido luta contra os índios, uma luta em que estes sempre saem perdendo. Toda área hoje habitada pelos civilizados no Brasil, onde se levantou cidades e onde se fazem plantações foi conquistada aos índios”²
É um confronto desigual e injusto e cabe a nós na medida do possível minimizar e erradicar este conflito, porque na verdade estamos nós como sociedade estruturada, ou como comunidade de homens apenas de passagem, dada a transitoriedade das coisas e causas materiais. O que garante que esta cidade ou nação estará aqui no mesmo lugar daqui a um século?
Devemos nós olhar com carinho estas etnias que a “sorte” desfavoreceu nas esquinas da vida, como seres humanos que somos, filhos da mesma família, minimizemos ao máximo o sofrimento destes “pequenos” Cunumi ³ que batem a nossa porta barganhando e mendigando seus artefatos de artesanato, quase que implorando para que compremos seus produtos, oriundos de uma tradição, que vem se perdendo com o tempo, e de uma beleza sem precedentes... Façamos a nossa parte quando a ocasião nos vier “visitar” e com certeza estaremos assim diminuindo consideravelmente as agruras de um povo onde na qual, nós a civilização dita racional, a que emprega a luz de seus raciocínios a exata razão no empreendimento e na construção do que chamamos vida, teremos um pouco saldado a divida que temos com eles...
¹ Rousseau, J.-J. Discours sur les Sciences et les arts. Paris, Pléiade, 1954,p.18
² Melatti, Júlio Cesar. Índios do Brasil. 7º ed. São Paulo. HUCITEC;1994 pg.179
³ Cunumi – Menino(a), Guri (a)
Fonte de Pesquisa: Purajhey Missioneiro Livro de poemas com inspiração Guaranítica de João Sampaio.
Alan Otto Redu - Acadêmico do curso de Filosofia - UFPEL
Email:luciuslonginus@yahoo.com.br
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Num destes fins de semana numa tarde ventosa e acinzentada, para não dizer fria, eis que recebo uma “visita” Guarani...
Estava eu imerso em meus estudos filosóficos, bem abrigado, bem alimentado e vestido, na proteção do meu lar... Quando de surpresa o meu irmão me diz:
- “Olha ai! Olha ai os Índios, os teus Índios chegando aqui...” Eu me pus a ver de perto, e abro a porta pra recebê-los, ainda surpreso, e eis que realmente eram índios, mais precisamente duas Crianças, uma não tinha mais que Oito anos e a outra não mais que dez anos precisamente, vendendo seus cestos de vime e taquara, com outros artesanatos dos mesmos materiais.
Eles adentraram minha casa, eram crianças descendentes do tronco tupi-guarani, mas o que tem de tão especial, nesta visita? Neste Fato? Pois é comum nestes tempos de hoje visitas, como estas e de outras etnias, agora afora o fato do meu grande apreço por estas culturas esquecidas, mal tratadas e Vilipendiadas pela dita civilidade, me encontro num período de estudo do dialeto tupi-guarani, e que inclusive existe um projeto tramitando na esfera federal, para que este idioma se torne o idioma mãe ou oficial da América do Sul.
Já não é sem tempo de darmos o devido valor a esta nação, que foi e esta covardemente sofrendo um processo de aculturação com um esquecimento planejado de seus valores e costumes, por a civilização racional, a que usa o raciocínio e a razão, a dos “homens brancos”...
Este etnocidio de há muito vem acontecendo e com esta visita me sugestionou escrever estas linhas, para que todos nós possamos refletir sobre o pouco que podemos ajudar estes nossos irmãos...
O filosofo Frances J.J Rousseau afirma: “Se nossas ciências são inúteis no objeto a que se propõem, são ainda mais perigosas pelo efeito que produzem¹”. Enfatizando o porquê ou quem sabe uma das causas desta aculturação indígena, noutra obra importante assevera o autor:
“Na verdade desde a chegada dos primeiros colonizadores, até a atualidade, tem havido luta contra os índios, uma luta em que estes sempre saem perdendo. Toda área hoje habitada pelos civilizados no Brasil, onde se levantou cidades e onde se fazem plantações foi conquistada aos índios”²
É um confronto desigual e injusto e cabe a nós na medida do possível minimizar e erradicar este conflito, porque na verdade estamos nós como sociedade estruturada, ou como comunidade de homens apenas de passagem, dada a transitoriedade das coisas e causas materiais. O que garante que esta cidade ou nação estará aqui no mesmo lugar daqui a um século?
Devemos nós olhar com carinho estas etnias que a “sorte” desfavoreceu nas esquinas da vida, como seres humanos que somos, filhos da mesma família, minimizemos ao máximo o sofrimento destes “pequenos” Cunumi ³ que batem a nossa porta barganhando e mendigando seus artefatos de artesanato, quase que implorando para que compremos seus produtos, oriundos de uma tradição, que vem se perdendo com o tempo, e de uma beleza sem precedentes... Façamos a nossa parte quando a ocasião nos vier “visitar” e com certeza estaremos assim diminuindo consideravelmente as agruras de um povo onde na qual, nós a civilização dita racional, a que emprega a luz de seus raciocínios a exata razão no empreendimento e na construção do que chamamos vida, teremos um pouco saldado a divida que temos com eles...
¹ Rousseau, J.-J. Discours sur les Sciences et les arts. Paris, Pléiade, 1954,p.18
² Melatti, Júlio Cesar. Índios do Brasil. 7º ed. São Paulo. HUCITEC;1994 pg.179
³ Cunumi – Menino(a), Guri (a)
Fonte de Pesquisa: Purajhey Missioneiro Livro de poemas com inspiração Guaranítica de João Sampaio.
Alan Otto Redu - Acadêmico do curso de Filosofia - UFPEL
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