Eduardo Tavares documentou o universo de afrodescendentes no meio rural gaúcho e a importância de seu trabalho na sustentabilidade da econo...
Eduardo
Tavares documentou o universo de afrodescendentes no meio rural gaúcho
e a importância de seu trabalho na sustentabilidade da economia e da
cultura da região
Eduardo Tavares/Divulgação
Em
suas andanças como jornalista e fotógrafo pelo Rio Grande do Sul,
Eduardo Tavares deparou inúmeras vezes com a presença de negros no
interior do estado e decidiu documentar este importante universo de
afrodescendentes no meio rural gaúcho. O resultado de muitos anos de
trabalho é a exposição O Invisível Gaúcho Negro, que será aberta nesta
terça-feira (4), às 18h30 na Sala JB Scalco da Assembleia Legislativa
do Rio Grande do Sul. A mostra fica em cartaz até 28 de novembro de
2014.
Além de buscar a visibilidade dessa população, a mostra pretende apresentar a importância do seu trabalho na sustentabilidade da economia e da cultura desse ambiente. “Em função de trabalhos que eu ia fazendo no interior do estado, fui constatando essa presença do gaúcho negro no campo e nos eventos festivos como rodeios, por exemplo. O negro estava sempre muito presente e atuante, tinha uma identidade forte com as coisas da terra, uma figura muito marcante. Isso começou a me chamar a atenção e eu comecei a fazer este registro”, afirma.
Segundo o fotógrafo, a oligarquia rural gaúcha normalmente representa visualmente o gaúcho como uma pessoa branca e omite a figura do negro, onipresente em quase todas as fazendas do estado, em rodeios, exposições agropecuárias e, é claro, em manifestações culturais quilombolas no interior. “Mas eu não via representada na cultura, principalmente no universo imagético, essa figura do negro. O gaúcho é sempre apresentado como uma figura branca. Por causa da colonização europeia, fica a imagem do gaúcho como um tipo europeu, o que não é verdade: a presença do negro é muito forte no Rio Grande do Sul”, garante.
Para Tavares, essa “invisibilidade” dos afrodescendentes está ligada ao preconceito: “Acho que isso é resultado do racismo nebuloso. Um exemplo é a manifestação que houve um tempo atrás no jogo do Grêmio (com ofensas ao goleiro Aranha, do Santos). Essa discriminação existe na cultura do gaúcho e foi isso que me levou a fazer essa exposição, para mostrar e provocar uma discussão porque eu acho que a gente tem uma dívida histórica com os negros neste país. Nós protagonizamos um dos maiores genocídios na história da humanidade.”
A exposição apresenta 40 fotos em preto e branco e um dos destaques é a imagem de um maragato da Revolução de 1923. “É uma foto que fiz em 1981 para uma matéria da revista Manchete. A gente descobriu um negro que tinha sido degolador na Revolução de 1923. A expressão dele é uma coisa impressionante”.
Eduardo Tavares pretende fazer um projeto maior de documentação imagética da presença dos negros no Rio Grande do Sul em todos os quilombos rurais do estado. Sua intenção é lançar um livro assim que viabilizar patrocínio para a elaboração do projeto.
O Invisível Gaúcho Negro, de Eduardo Tavares
Quando:
- Abertura: terça-feira, 4 de novembro, às 18h30
- Visitação: de 5 a 28 de novembro, de segunda a sexta-feira (exceto feriados), das 8h30 às 18h30
Onde: Sala J.B. Scalco – Assembleia Legislativa do RS
Praça Marechal Deodoro, 101, Centro Histórico, Porto Alegre
Quanto: grátis
Mais informações: (51) 3210-2934
Fonte: Rede Brasil Atual
Além de buscar a visibilidade dessa população, a mostra pretende apresentar a importância do seu trabalho na sustentabilidade da economia e da cultura desse ambiente. “Em função de trabalhos que eu ia fazendo no interior do estado, fui constatando essa presença do gaúcho negro no campo e nos eventos festivos como rodeios, por exemplo. O negro estava sempre muito presente e atuante, tinha uma identidade forte com as coisas da terra, uma figura muito marcante. Isso começou a me chamar a atenção e eu comecei a fazer este registro”, afirma.
Segundo o fotógrafo, a oligarquia rural gaúcha normalmente representa visualmente o gaúcho como uma pessoa branca e omite a figura do negro, onipresente em quase todas as fazendas do estado, em rodeios, exposições agropecuárias e, é claro, em manifestações culturais quilombolas no interior. “Mas eu não via representada na cultura, principalmente no universo imagético, essa figura do negro. O gaúcho é sempre apresentado como uma figura branca. Por causa da colonização europeia, fica a imagem do gaúcho como um tipo europeu, o que não é verdade: a presença do negro é muito forte no Rio Grande do Sul”, garante.
Para Tavares, essa “invisibilidade” dos afrodescendentes está ligada ao preconceito: “Acho que isso é resultado do racismo nebuloso. Um exemplo é a manifestação que houve um tempo atrás no jogo do Grêmio (com ofensas ao goleiro Aranha, do Santos). Essa discriminação existe na cultura do gaúcho e foi isso que me levou a fazer essa exposição, para mostrar e provocar uma discussão porque eu acho que a gente tem uma dívida histórica com os negros neste país. Nós protagonizamos um dos maiores genocídios na história da humanidade.”
A exposição apresenta 40 fotos em preto e branco e um dos destaques é a imagem de um maragato da Revolução de 1923. “É uma foto que fiz em 1981 para uma matéria da revista Manchete. A gente descobriu um negro que tinha sido degolador na Revolução de 1923. A expressão dele é uma coisa impressionante”.
Eduardo Tavares pretende fazer um projeto maior de documentação imagética da presença dos negros no Rio Grande do Sul em todos os quilombos rurais do estado. Sua intenção é lançar um livro assim que viabilizar patrocínio para a elaboração do projeto.
O Invisível Gaúcho Negro, de Eduardo Tavares
Quando:
- Abertura: terça-feira, 4 de novembro, às 18h30
- Visitação: de 5 a 28 de novembro, de segunda a sexta-feira (exceto feriados), das 8h30 às 18h30
Onde: Sala J.B. Scalco – Assembleia Legislativa do RS
Praça Marechal Deodoro, 101, Centro Histórico, Porto Alegre
Quanto: grátis
Mais informações: (51) 3210-2934
Fonte: Rede Brasil Atual
Nenhum comentário