Sob meu senso, considero injusto você extrair de um texto uma frase e fazer uso da mesma contra o autor do escrito. Talvez fale isto em d...
Sob
meu senso, considero injusto você extrair de um texto uma frase e fazer
uso da mesma contra o autor do escrito. Talvez fale isto em defesa
própria, porque seguidamente acontece comigo. Enfim...
Como diria o último "caudilho" de nossa terra (espero que não subtraiam e explorem isto), o saudoso governador Leonel de Moura Brizola: - Temos que analisar o "contiúdo".
Até porque alguns escritores, como eu, são meio assim... tipo palanque de i'nahduvá, ou seja, toscos por fora mas perfumados por dentro. De aparência rude mas de alma grande. Resumindo (ou traduzindo), sempre se aproveita alguma coisa.
Este já não é o caso do jornalista David Coimbra, o culto e renomado colunista de Zero Hora. Mesmo assim anda circulando pela internet e criando alvoroço em parte da gauchada, uma frase que ele escreveu em sua coluna de quinta-feira.
A frase é a seguinte:
"Esses gaúchos gostam de cultivar a própria lenda, gostam de se sentir um pouco Capitães Rodrigos, um pouco Analistas de Bagé. Parece pretensão. Não é. É para alegrar os dias e preencher o vazio da vida".
Sou velho assinante do periódico ZH (único que dedica alguns caracteres a nossa cultura) e, desde os tempos de Carlos Nobre, começo minha leitura diária pela penúltima página. Portanto, já tinha lido a coluna do David Coimbra, atual titular do espaço, e não me senti agredido. Ao contrário, considero o texto Quando Chega Setembro muito bem redigido.
Por isto que eu repito: - Tudo depende do ângulo.
Se eu for pelo viés vingativo, diria que David Coimbra está arrependido de, no passado, ter dito que o atraso do Rio Grande era por culpa de Erico Verissimo e Paixão Côrtes. Na citada coluna que ora despertou indignação de muitos gaúchos, ele faz rasgados elogios a família veríssimo.
Mas se formos analisar pelo lado bom, sem ranços, como eu me propus a fazer, a coluna diz coisas simples, de fundamento, sem ataques ao tradicionalismo.
Vejam:
"Vá a um CTG. Lá você encontrará, justamente, os "iguais". Não encontrará nababos, nem intelectuais, nem soberbos. Lá só haverá gente que trabalha a partir de segunda pela manhã e que, a partir de sexta a noite, quer beber um pouco, dançar muito, quer trinchar uma carne gorda e dar risadas com os amigos".
E continua (agora com o resto do texto na íntegra), dando um tapa de luvas de pelica em alguns mestres acadêmicos, colegas jornalistas e juízes de orientações modernistas, que não engolem a preservação de nossos costumes.
"Mas, quando setembro chega, parte do Rio Grande se levanta para fazer com que estes gaúchos se agachem. Não há, entre os gaúchos tradicionalistas, nenhuma orientação discriminatória, nenhuma intenção de preconceito. Eles estão ali para festejar suas tradições, não para lutar contra alguma ideia, comportamento, entidade ou indivíduo. Se num baile de CTG homem não dança com homem e mulher não dança com mulher, esta é uma regra da mesma natureza que vige nos Filhos de Gandhy, da Bahia, bloco que mulher não entra. Por que ninguém incomoda os Filhos de Gandhy? Por que ninguém incomoda os misteriosos maçons? Por que ninguém se bate contra os interditos de uma mesquita muçulmana? Por que quando setembro chega alguns iluminados pretendem "quebrar paradigmas" às custas dos gauchinhos?
Posso responder esta última pergunta. É porque, entre os gaúchos tradicionalistas, há quase que só trabalhadores de classe média. Eles não tem dinheiro nem poder. Eles não tem influência, nem influenciam ninguém.
Eu aqui tomo o meu mate e até calço alpargatas, eu me emociono com o Vento Negro e com o velho Cenair Maicá, eu aqui, no Norte, estou sempre olhando para o Sul. Mas nunca entrei numa bombacha, nunca frequentei um CTG, nunca passei uma noite no Acampamento Farroupilha, nem ando a cavalo. Só acho bonito que esses gaúchos cultivem sua própria identidade, tão bem descrita por essa luzidia família Veríssimo. E acho feio, muito feio, que outros se incomodem com quem não está incomodando ninguém".
Então, minha gente!?
Na minha opinião o David Coimbra disse muito daquilo que eu tenho vontade de dizer e, em nenhum momento, me senti ofendido com alguma coisa.
Aliás, o colunista, há tempos, vem se notabilizando como o melhor escritor deste periódico sulino, pois andeja com a mesma confiança e conhecimento pelas searas do futebol, da economia, da política, da literatura....
E o melhor de tudo: É criativo. Não vende seu peixe (ou texto) pelo título, mas pelas entrelinhas, quando quer brincar com as palavras, ou pela objetividade, transparência e retidão, quando assim o tema exigir.
Se fosse um compositor gaudério, faria sucesso pois sairia do lugar comum, da mesmice. Teria o bom senso de não rimar "expande" com "Rio Grande", de "luxo" com "gaúcho".
Penso até que, em virtude da distância, o atavismo* pampeano vem rondando a alma de David Coimbra.
Digo isto porque é notória a saudade dos gaúchos longe da querência. É muito grande a influência de nosso chão crioulo sobre as pessoas que aqui nasceram.
Sou suspeito em falar, mas quando saio de meu Rio Grande, já em Bela Torres, do outro lado do Mampituba, me "atraco" no choro que é coisa de pingar no chão.
Findo minha postagem pedindo aos amigos gaudérios mais radicais para que olhemos a vida pelo seu lado bom. Vamos utilizar o preceito maçônico que mais admiro, ou seja, o exercício da tolerância.
E não vamos cometer este ato falho de, através de uma palavra, de uma frase, mudar o sentido do todo.
*Atavismo: s.f. Reaparecimento numa pessoa das características de um antepassado que permaneceram escondidas por muitas gerações.
Fonte: blog do Léo Ribeiro
Como diria o último "caudilho" de nossa terra (espero que não subtraiam e explorem isto), o saudoso governador Leonel de Moura Brizola: - Temos que analisar o "contiúdo".
Até porque alguns escritores, como eu, são meio assim... tipo palanque de i'nahduvá, ou seja, toscos por fora mas perfumados por dentro. De aparência rude mas de alma grande. Resumindo (ou traduzindo), sempre se aproveita alguma coisa.
Este já não é o caso do jornalista David Coimbra, o culto e renomado colunista de Zero Hora. Mesmo assim anda circulando pela internet e criando alvoroço em parte da gauchada, uma frase que ele escreveu em sua coluna de quinta-feira.
A frase é a seguinte:
"Esses gaúchos gostam de cultivar a própria lenda, gostam de se sentir um pouco Capitães Rodrigos, um pouco Analistas de Bagé. Parece pretensão. Não é. É para alegrar os dias e preencher o vazio da vida".
Sou velho assinante do periódico ZH (único que dedica alguns caracteres a nossa cultura) e, desde os tempos de Carlos Nobre, começo minha leitura diária pela penúltima página. Portanto, já tinha lido a coluna do David Coimbra, atual titular do espaço, e não me senti agredido. Ao contrário, considero o texto Quando Chega Setembro muito bem redigido.
Por isto que eu repito: - Tudo depende do ângulo.
Se eu for pelo viés vingativo, diria que David Coimbra está arrependido de, no passado, ter dito que o atraso do Rio Grande era por culpa de Erico Verissimo e Paixão Côrtes. Na citada coluna que ora despertou indignação de muitos gaúchos, ele faz rasgados elogios a família veríssimo.
Mas se formos analisar pelo lado bom, sem ranços, como eu me propus a fazer, a coluna diz coisas simples, de fundamento, sem ataques ao tradicionalismo.
Vejam:
"Vá a um CTG. Lá você encontrará, justamente, os "iguais". Não encontrará nababos, nem intelectuais, nem soberbos. Lá só haverá gente que trabalha a partir de segunda pela manhã e que, a partir de sexta a noite, quer beber um pouco, dançar muito, quer trinchar uma carne gorda e dar risadas com os amigos".
E continua (agora com o resto do texto na íntegra), dando um tapa de luvas de pelica em alguns mestres acadêmicos, colegas jornalistas e juízes de orientações modernistas, que não engolem a preservação de nossos costumes.
"Mas, quando setembro chega, parte do Rio Grande se levanta para fazer com que estes gaúchos se agachem. Não há, entre os gaúchos tradicionalistas, nenhuma orientação discriminatória, nenhuma intenção de preconceito. Eles estão ali para festejar suas tradições, não para lutar contra alguma ideia, comportamento, entidade ou indivíduo. Se num baile de CTG homem não dança com homem e mulher não dança com mulher, esta é uma regra da mesma natureza que vige nos Filhos de Gandhy, da Bahia, bloco que mulher não entra. Por que ninguém incomoda os Filhos de Gandhy? Por que ninguém incomoda os misteriosos maçons? Por que ninguém se bate contra os interditos de uma mesquita muçulmana? Por que quando setembro chega alguns iluminados pretendem "quebrar paradigmas" às custas dos gauchinhos?
Posso responder esta última pergunta. É porque, entre os gaúchos tradicionalistas, há quase que só trabalhadores de classe média. Eles não tem dinheiro nem poder. Eles não tem influência, nem influenciam ninguém.
Eu aqui tomo o meu mate e até calço alpargatas, eu me emociono com o Vento Negro e com o velho Cenair Maicá, eu aqui, no Norte, estou sempre olhando para o Sul. Mas nunca entrei numa bombacha, nunca frequentei um CTG, nunca passei uma noite no Acampamento Farroupilha, nem ando a cavalo. Só acho bonito que esses gaúchos cultivem sua própria identidade, tão bem descrita por essa luzidia família Veríssimo. E acho feio, muito feio, que outros se incomodem com quem não está incomodando ninguém".
Então, minha gente!?
Na minha opinião o David Coimbra disse muito daquilo que eu tenho vontade de dizer e, em nenhum momento, me senti ofendido com alguma coisa.
Aliás, o colunista, há tempos, vem se notabilizando como o melhor escritor deste periódico sulino, pois andeja com a mesma confiança e conhecimento pelas searas do futebol, da economia, da política, da literatura....
E o melhor de tudo: É criativo. Não vende seu peixe (ou texto) pelo título, mas pelas entrelinhas, quando quer brincar com as palavras, ou pela objetividade, transparência e retidão, quando assim o tema exigir.
Se fosse um compositor gaudério, faria sucesso pois sairia do lugar comum, da mesmice. Teria o bom senso de não rimar "expande" com "Rio Grande", de "luxo" com "gaúcho".
Penso até que, em virtude da distância, o atavismo* pampeano vem rondando a alma de David Coimbra.
Digo isto porque é notória a saudade dos gaúchos longe da querência. É muito grande a influência de nosso chão crioulo sobre as pessoas que aqui nasceram.
Sou suspeito em falar, mas quando saio de meu Rio Grande, já em Bela Torres, do outro lado do Mampituba, me "atraco" no choro que é coisa de pingar no chão.
Findo minha postagem pedindo aos amigos gaudérios mais radicais para que olhemos a vida pelo seu lado bom. Vamos utilizar o preceito maçônico que mais admiro, ou seja, o exercício da tolerância.
E não vamos cometer este ato falho de, através de uma palavra, de uma frase, mudar o sentido do todo.
*Atavismo: s.f. Reaparecimento numa pessoa das características de um antepassado que permaneceram escondidas por muitas gerações.
Fonte: blog do Léo Ribeiro
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