Foto: Divulgação A povoação do Rio Grande do Sul realizou-se num ritmo lento, acompanhando as trilhas dos soldados e depois da tropa de ...
Foto: Divulgação
A povoação do Rio Grande do Sul realizou-se num ritmo lento, acompanhando as trilhas dos soldados e depois da tropa de gado, ocupando áreas isoladas, deixando vazios de uma população indígena que se retraía, cedendo espaço, até chocar-se com as reduções jesuíticas no planalto Missioneiro.
A descoberta de ouro nos campos de Curitiba e de Paranaguá incentivou o plano de alargar as fronteiras de Portugal até o rio da Prata, limite sul do bispado do Rio de Janeiro.
Dom Manoel Lobo, governador do Rio de Janeiro, aportou em 01.01.1680 na península junto à ilha de São Gabriel, no rio da Prata, com cinco veleiros, desembarcando 200 homens, 60 negros, dois jesuítas, um padre capelão, oito índias e uma mulher branca, Dona Joana Galvão, esposa do capitão Manoel Galvão para fundar a Colônia do Santíssimo Sacramento, com os objetivos de estabelecer um forte militar e criar um porto livre de comércio, conforme as instruções do rei Dom Pedro II, de Portugal. Durante sete meses os portugueses levantaram muros de terra, faxina e madeira.
Don José Garro, governador de Buenos Aires, ordenou ao Mestre-de-Campo Vera Muxica que recrutasse espanhóis em Santa Fé e Corrientes, bem como índios das reduções jesuíticas para sitiarem a Colônia do Santíssimo Sacramento. Vera Muxica, com dificuldades para manter disciplinados 480 espanhóis e 3.000 guaranis, ordenou vários ataques às fortificações, sofrendo pesadas baixas. Na madrugada de 07.08.1680 Muxica comandou o ataque por três pontos da fortificação. Os guaranis não fizeram prisioneiros, matando com fúria os portugueses. Dona Joana Galvão morreu combatendo ao lado do esposo. Com os muros das fortificações ainda em construção, os portugueses foram vencidos. Os espanhóis capturaram alguns portugueses, entre eles Dom Manoel Lobo, levando-o para Montevidéu. A Espanha, em guerra com os Países Baixos e não querendo outra frente de luta, realizou o tratado Provisional, em 07.05.1681, devolvendo a Colônia do Santíssimo Sacramento a Portugal, que retomou em 1683.
Deixando a mulher e filha em São Vicente, Domingos Peixoto, com seus filhos Francisco e Sebastião, fundou Laguna em 1684, estabelecendo um entreposto de pesca que preparava peixe salgado, além de charque de gado. Suas embarcações mantinham a ligação com Santos. Do núcleo de laguna formou-se uma trilha pelo litoral, por onde transitavam soldados de apoio à Colônia do Santíssimo Sacramento, pois a viagem por mar, ao longo do litoral do Rio Grande do Sul só se realizava de novembro a março. Fora dessa época, a corrente marítima e os ventos jogavam os veleiros contra a costa, onde encalhavam ou naufragavam.
D. Francisco de Lancaster, governador da Colônia do Sacramento de 1689 a 1699, localizou agricultores fora da fortificação e desenvolveu o comércio com Buenos Aires.
Cristóvão Pereira de Abreu praticou a courama na Vacaria do Mar, mantendo o gado para retirar o couro, de 1702 a 1705.
O governador Alonso Valdés Inclán, com espanhóis e 4000 guaranis, sitiou a Colônia de 1704-1705, conquistando a cidadela após seis meses de cerco. Os portugueses se retiraram nos navios da esquadra surtos no porto. Pelo tratado de Utrecht de 1715, os portugueses receberam a Colônia do Sacramento e o novo governador Manoel Gomes Barbosa iniciou a colonização com 60 famílias de Trás-os-Montes. Em 1717 chegaram mais 110 famílias que se dedicaram à cultura do trigo. Essas famílias estabeleceram dentro de um perímetro delimitado pela maior distância de um tiro de canhão disparado da fortaleza. No núcleo urbano, no interior da fortificação, erguiam-se o palácio do governador, o prédio da Alfândega, os quartéis, as casas de negócio, o colégio dos jesuítas, a igreja do Sacramento, quatro capelas, dois moinhos, e um grande largo para manobra dos militares. No caso de ataque, o largo servia abrigo dos animais de corte e de montaria. Em 1734, havia 2600 habitantes e 327 casas, construídas ao longo de 18 ruas e 16 travessas.
O governador de Buenos Aires, D. Miguel de Salcedo sitiou a Colônia de 1735 a 1737. O governador Antônio Pedro de Vasconcelos resistiu o ataque por 22 meses, até quando chegaram navios portugueses trazendo alimentos e reforços.
Como a Colônia se transformou no entreposto de contrabando com Buenos Aires, a Coroa espanhola propôs sua troca pelos Sete Povos das Missões, nas margens do rio Uruguai, que seria realizada pelo Tratado de Madri, em 1750. Uma das cláusulas tratava da transmigração dos guaranis missioneiros para a outra margem do rio Uruguai. Os missioneiros não aceitavam a transmigração, iniciando a resistência denominada de Guerra Guaranítica.
Do Rio de Janeiro os navios traziam tecidos, alimentos, ferramentas, escravos, madeiras, ferro, aguardente, pólvora, arame e vinho. Da Bahia vinha o sal, importante para a salga da carne e do couro. As autoridades da Colônia do Sacramento faziam o contrabando com Buenos Aires, que era apenas um porto militar, proibido de receber navios mercantes, contando com a corrupção das autoridades espanholas. A Colônia do Sacramento transformou-se num forte empório do comércio do couro na região platina.
D. Pedro de Cevallos invadiu a Colônia do Sacramento em 29.10.1762, como início de uma campanha militar para expulsar os luso-brasileiros da Capitania do Rio Grande e de Santa Catarina. Pelo tratado de Santo Ildefonso, em 1777, a Colônia do Sacramento passou para o domínio da Coroa de Espanha, mas o Santo Ofício (inquisição) continuou sendo Português.
Fonte: Livro História do Rio Grande do Sul de Moacyr Flores
Por Carolina Bouvie do blog Cantinho Gaúcho
Nenhum comentário