Monumento a Paz Farroupilha, em Dom Pedrito, município gaúcho onde foi assinado o acordo que pôs fim a Guerra dos Farrapos A primeira...
Monumento a Paz Farroupilha, em Dom Pedrito, município gaúcho onde foi assinado o acordo que pôs fim a Guerra dos Farrapos
A primeira negociação de paz ocorreu com a nomeação de Francisco Alves Machado para presidente da província, o qual ofereceu a Bento Gonçalves anistia plena para negociar um tratado. Bento respondeu em carta, a 7 de dezembro de 1840, propondo que: as dívidas contraídas pela república fossem pagas pelo governo imperial, os escravos que haviam sido alistados como soldados republicanos fossem libertados e que os oficiais revolucionários fossem garantidos em seus postos, quando aproveitados em serviço da Guarda Nacional. Para melhor firmar o tratado, Bento Gonçalves solicitou uma conferência com o presidente, porém Alvares Machado negou-a por saber que os farrapos tentavam aliciar à sua causa diversos legalistas, como o coronel Manduca Loureiro e o coronel João da Silva Tavares. A recusa da conferência importou em suspensão da anistia e consequente continuação da luta.
O sistema de guerrilha e a troca constante de presidentes e comandantes de armas prolongaram a luta até que o Barão de Caxias (futuro Duque) foi nomeado Presidente da Província e Comandante Supremo Imperial em 9 de novembro de 1842, reorganizando o exército e chamando para seu Estado Maior a Bento Manuel Ribeiro, que tinha se recolhido para o Uruguai. O barão empregava toda sua força de 12.000 homens, conhecimento, inteligência e experiência para minar a relativa supremacia farrapa no interior, que contava com apenas 3.500 homens. Entre as várias ações, iniciou uma campanha de estrangulamento da economia da República, atacando as cidades da fronteira que permitiam o escoamento da produção de charque para Montevidéu e Laguna, comprando cavalos para impedir que os Farrapos tivessem montaria e reativando o comércio.
Lima e Silva, porém, não conseguiu atrair os farrapos para uma batalha campal decisiva. O exército republicano, sabendo de sua inferioridade numérica e de armamentos, evitou o combate direto, tendo a campanha permanecido como uma série de pequenos combates e escaramuças; quando perseguidos, os farroupilhas se refugiavam no Uruguai.
Em 1844, Fructuoso de Rivera propôs intermediar a paz entre legalistas e republicanos. Manuel Luís Osório foi enviado ao acampamento de Rivera, onde encontrou-se com Antônio Vicente da Fontoura, para avisar que Lima e Silva recusava a proposta de paz, mas que poderia haver tratativas com o governo, porém sem a presença de terceiros. Vicente da Fontoura foi enviado à corte para discutir a paz.
Luís Alves de Lima e Silva recebeu instruções do Império, que temia o avanço de Rosas sobre o território litigante, para propor condições honrosas aos revoltosos, como a anistia dos oficiais e homens, sua incorporação ao Exército Imperial nos mesmos postos e a escolha do Presidente da Província pela Assembleia Provincial, taxações sobre o charque importado do Prata.
Entretanto, uma questão permanecia insolúvel, a dos escravos libertos pela República para servir no exército republicano. Para o Império Brasileiro, era inaceitável reconhecer a liberdade de escravos dada por uma sedição, embora anistiasse os líderes da mesma revolta.
Em novembro de 1844, estavam todos em pleno armistício. Suspensão de armas, condição fundamental para que os governos pudessem negociar a paz, levando ao relaxamento da guarda no acampamento da curva do arroio Porongos. Canabarro e seus oficiais imediatos foram a uma estância próxima visitar a mulher viúva de um ex-guerreiro farrapo e o coronel Teixeira Nunes e seu corpo de Lanceiros Negros descansavam. Foi então que apareceu Moringue, de surpresa, quebrando o decreto de suspensão de armas. Mesmo assim o corpo de Lanceiros Negros, cerca de 100 homens de mãos livres, pelearam, resistiram e bravamente lutaram até a aniquilação, em uma posição de difícil defesa. Além disso, foram presos mais de 300 republicanos entre brancos e negros, inclusive 35 oficiais.
O general Canabarro, recuperado, reuniria ainda todo o restante de seu exército, cerca de 1.000 homens, e atacaria Encruzilhada a 7 de dezembro de 1844, tomando-a e mostrando assim que a sua intenção não era entregar-se. Contudo, a Batalha dos Porongos, até hoje, é m ponto nebuloso, obscuro, na história desta guerra. Muitos alegam que houve traição de Canabarro, que não era abolicionista.
Dos escravos sobreviventes, alguns acompanharam o exército do general Antônio Neto em seu exílio no Uruguai, outros foram incorporados ao Exército Imperial e muitos foram vendidos novamente como escravos no Rio de Janeiro.
Paz do Poncho Verde
Por fim, a 1° de março de 1845, assinou-se a paz: o Tratado de Poncho Verde ou Paz do Poncho Verde, após quase dez anos de guerra que teria causado 47.829 mortes. Entre suas principais condições estavam a anistia plena aos revoltosos, a libertação dos escravos que combateram no Exército piratinense e a escolha de um novo presidente provincial pelos farroupilhas. O cumprimento parcial ou integral do tratado até hoje suscita discussões. A impossibilidade de uma abolição da escravatura regionalmente restrita, a persistência de animosidade entre lideranças locais e outros fatores administrativos e operacionais podem ter ao menos dificultado, senão impedido o cumprimento integral do mesmo. Alguns escritores advogam que, por não ter assinado nenhum tratado, o Rio Grande seria uma república até hoje.
A atuação de Luís Alves de Lima e Silva foi considerada tão correta para com os oponentes que a Província, novamente unificada, o indicou para senador. O Império, reconhecido, outorgou ao general o título nobiliárquico de Conde de Caxias (1845). Mais tarde, (1850), com a iminência da Guerra contra Rosas, seria indicado presidente da Província de São Pedro do Rio Grande.
Fonte: blog do Léo Ribeiro
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