"Se deve ganhar dinheiro com tradicionalismo? É tradicionalismo que não usa pilcha mais toma chimarrão? Quem escreve sobre tradiçõe...
"Se
deve ganhar dinheiro com tradicionalismo? É tradicionalismo que não usa
pilcha mais toma chimarrão? Quem escreve sobre tradições gaúchas, é um
folclorista?
No livro “Falando em Tradição e Folclore Gaúcho” de 1981, Paixão Côrtes e Glaucus Saraiva participam de uma mesa redonda, e falam sobre o tema: TRADICIONALISTAS, FOLCLORISTAS E ARTISTAS.
Bueno, então vamos a prosa:
Paixão: “Muita gente interpreta tradicionalismo como profissão. Tem que ver bem isto. Não é profissão. É um estado de espírito e de alma. Se estou tomando mate, é porque meu espírito, meu condicionamento, me leva às minhas origens. Mas eu posso estar tomando uísque, em vez de mate, com a mesma tranquilidade. Isso não impede nem apaga meus momentos de sensibilidade voltados para o tradicionalismo.”
Que espetáculo essa!! Acho que é uma das maiores sacadas do Paixão em tudo que escrevemos até agora. Tu não é mais ou menos gaúcho, porque em vez de mate está tomando um uísque por exemplo. Que tal!
Seguimos...
Paixão: “Então há necessidade de separar tradicionalismo, de artista, que é aquele que, por suas condições inatas ou estudo, está capacitado à arte de representar. É diferente do tradicionalista por expressão de vivência de culto, de estado de espírito. O outro poder ser um grande intérprete da tradição do gaúcho sem ser tradicionalista, porque tem a arte de representar, de levar a imagem da terra. Este sim é remunerado. É a sua profissão.”
Glaucus: “Qualquer dicionário dirá que tradicionalismo é filosofia arraigada às coisas do passado, que se coloca ou se põe como barreira à evolução e o progresso. É tradicionalista, aquele que é adepto do tradicionalismo. Aqui no Rio Grande do Sul, temos que dar interpretação completamente diferente. Tradicionalismo gaúcho é isto que se falou até agora sobre tradição. E tradicionalista como bem definiu o Paixão é aquele que está ligado ao Movimento Tradicionalista Gaúcho que está integrando os CTGs, que está colaborando com o trabalho do tradicionalista gaúcho. O que está fora desta área, o que canta, o que toca instrumento que dança ou escreve uma poesia ou escreve um livro, pode ser um grande intérprete. Mas se não estiver lutando conosco, não é um tradicionalista.”
Paixão: “E esta corrente – tradicionalismo – foi criada aqui. No resto do Brasil existe vivência folclórica e uma certa tradicionalidade. Aqui o folclore no que tange à arte coreográfica-musical, de vivência representativa do folclore coreográfico, está praticamente morto. Enquanto os outros tem Bumba Meu-Boi, Fandango, Catira, nós não temos mais nada coreograficamente. Nosso caso aqui, isto é culto, são símbolos que nós vamos reverenciar e que é diferente das outras áreas brasileiras, onde o indivíduo vive, se integra no folguedo ao natural, posicionando-se ao seu modo, numa necessidade pessoal de compartilhar espontaneamente no motivo, embora muitas vezes representando e cultuando.”
Glaucus: “Sobre os folcloristas, só se pode considerar aquele que, através de uma educação científica, se tornou um folclorista. Digo isto de Paixão Côrtes, de Barbosa Lessa, de minha parte e de outros tantos, que, autodidatas, estudaram nas fontes fundamentais da cultura folclórica e formaram um patrimônio daquilo que se conceitua auto-saber sobre folclore.”
Então moçada, não quisemos falar nada no meio da prosa, porque é bom pensar que este tipo de conversa fora muito discutido no passado, e hoje se faz em rodas de mate, cursos e eventos por aí...
De fato, temos que pensar sobre isso tudo e o momento que estamos passando de ideias de Voluntariado, de menos “renda” digamos assim no meio tradicionalista, e não tornar uma “queda de braço” entre artistas (seja músicos, instrutores etc...) com o Movimento de forma geral.
Fonte: portal Estância Virtual
Para saber mais, clique aqui.
No livro “Falando em Tradição e Folclore Gaúcho” de 1981, Paixão Côrtes e Glaucus Saraiva participam de uma mesa redonda, e falam sobre o tema: TRADICIONALISTAS, FOLCLORISTAS E ARTISTAS.
Bueno, então vamos a prosa:
Paixão: “Muita gente interpreta tradicionalismo como profissão. Tem que ver bem isto. Não é profissão. É um estado de espírito e de alma. Se estou tomando mate, é porque meu espírito, meu condicionamento, me leva às minhas origens. Mas eu posso estar tomando uísque, em vez de mate, com a mesma tranquilidade. Isso não impede nem apaga meus momentos de sensibilidade voltados para o tradicionalismo.”
Que espetáculo essa!! Acho que é uma das maiores sacadas do Paixão em tudo que escrevemos até agora. Tu não é mais ou menos gaúcho, porque em vez de mate está tomando um uísque por exemplo. Que tal!
Seguimos...
Paixão: “Então há necessidade de separar tradicionalismo, de artista, que é aquele que, por suas condições inatas ou estudo, está capacitado à arte de representar. É diferente do tradicionalista por expressão de vivência de culto, de estado de espírito. O outro poder ser um grande intérprete da tradição do gaúcho sem ser tradicionalista, porque tem a arte de representar, de levar a imagem da terra. Este sim é remunerado. É a sua profissão.”
Glaucus: “Qualquer dicionário dirá que tradicionalismo é filosofia arraigada às coisas do passado, que se coloca ou se põe como barreira à evolução e o progresso. É tradicionalista, aquele que é adepto do tradicionalismo. Aqui no Rio Grande do Sul, temos que dar interpretação completamente diferente. Tradicionalismo gaúcho é isto que se falou até agora sobre tradição. E tradicionalista como bem definiu o Paixão é aquele que está ligado ao Movimento Tradicionalista Gaúcho que está integrando os CTGs, que está colaborando com o trabalho do tradicionalista gaúcho. O que está fora desta área, o que canta, o que toca instrumento que dança ou escreve uma poesia ou escreve um livro, pode ser um grande intérprete. Mas se não estiver lutando conosco, não é um tradicionalista.”
Paixão: “E esta corrente – tradicionalismo – foi criada aqui. No resto do Brasil existe vivência folclórica e uma certa tradicionalidade. Aqui o folclore no que tange à arte coreográfica-musical, de vivência representativa do folclore coreográfico, está praticamente morto. Enquanto os outros tem Bumba Meu-Boi, Fandango, Catira, nós não temos mais nada coreograficamente. Nosso caso aqui, isto é culto, são símbolos que nós vamos reverenciar e que é diferente das outras áreas brasileiras, onde o indivíduo vive, se integra no folguedo ao natural, posicionando-se ao seu modo, numa necessidade pessoal de compartilhar espontaneamente no motivo, embora muitas vezes representando e cultuando.”
Glaucus: “Sobre os folcloristas, só se pode considerar aquele que, através de uma educação científica, se tornou um folclorista. Digo isto de Paixão Côrtes, de Barbosa Lessa, de minha parte e de outros tantos, que, autodidatas, estudaram nas fontes fundamentais da cultura folclórica e formaram um patrimônio daquilo que se conceitua auto-saber sobre folclore.”
Então moçada, não quisemos falar nada no meio da prosa, porque é bom pensar que este tipo de conversa fora muito discutido no passado, e hoje se faz em rodas de mate, cursos e eventos por aí...
De fato, temos que pensar sobre isso tudo e o momento que estamos passando de ideias de Voluntariado, de menos “renda” digamos assim no meio tradicionalista, e não tornar uma “queda de braço” entre artistas (seja músicos, instrutores etc...) com o Movimento de forma geral.
Fonte: portal Estância Virtual
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