Shana Müller é apresentadora do 'Galpão Crioulo' (Foto: Felipe Goldenberg/RBS TV) Dia 19 de setembro estava no Alegrete e fomos...
Shana Müller é apresentadora do 'Galpão Crioulo' (Foto: Felipe Goldenberg/RBS TV)
Dia 19 de setembro estava no Alegrete e fomos ao tradicional baile do CTG Farroupilha, entidade da qual fazíamos parte na época em que vivíamos na cidade.
O baile nesse dia tem hora para terminar, afinal, no outro dia cedinho o Desfile Farroupilha começa e o Farroupilha, por ordem de fundação, é o primeiro a desfilar.
Bueno, mas o assunto não é esse.
Fui ao baile e alguns detalhes me chamaram a atenção, como a falta de jovens. A maioria dos casais que lá estavam ou eram meus contemporâneos (e já não tao jovens) ou eram mais velhos, os mesmos casais do tempo que eu era criança.
Confesso que fiquei preocupada com a falta de envolvimento da sociedade com a tradição, logo lá, no Alegrete. Se lembro bem, quando chegamos, meu pai, gerente de banco, se associou no CTG para ter vida social.
No outro dia, pós-desfile, baile infantil, aí sim, cheio. E muitos mais dos meus contemporâneos estavam por lá. Claro, com os filhos.
Outra coisa que me chamou a atenção no baile "adulto" foi o fato de ter poucas prendas com os tradicionais vestidos, aqueles de babados, saia de armação, com mangas depois do cotovelo, barra em cima do peito do pé e sem decote, com cores claras, conforme as diretrizes de indumentária do movimento tradicionalista.
Posso afirmar que 95% das prendas que lá estavam vestiam saia, blusa e faixa. Algumas reaproveitavam uma camisa de uso "civil", uma saia longa não muito rodada, sem armação nenhuma, e até o preto que até muito tempo era considerado luto, já estava no salão de baile.
Eu que tantas vezes estive naquele galpão vestida de prenda bem tradicional fiquei surpresa. Por outro lado, percebi uma transformação no ambiente, no comportamento e o quanto – e sempre afirmo isso – é impossível a tradição manter-se numa bolha isolada do mundo, do dia a dia, da evolução da sociedade e desse novo tipo de comportamento onde nada dura, onde tudo é efêmero.
Até mesmo a moda, afinal, roupa dialoga com muitas coisas: com utilidade, com trabalho, com expressão, com arte, com personalidade, com uma infinidade de aspectos. Não são simplesmente panos a cobrir o corpo. Vai dizer que o fato de "facilitar na roupa", usar algo que já se tenha, fazer uma adaptação, sem ferir as regras do ambiente, não pode ajudar a atrair mais gente pro CTG?
Percebi que muito ali tem a minha contribuição. Há quase 15 anos eu pensava que roupa ia usar para fazer show. Fui adaptando, transformando e criei um estilo que hoje vendem nas lojas: "a saia estilo Shana Müller".
Senti orgulho, apesar de ter me questionado sobre o quanto a tradição está se atualizando e falando com as pessoas desse tempo.
Acho que o fato de a maioria das prendas que estavam lá estarem expressando na roupa uma atualização e não ter muita gente no baile, nos traz muito pra pensar!
Fico feliz de dar minha contribuição em atitudes e palavras.
Beijos e boa semana!
Fonte: Coluna do Galpão Crioulo junto o GShow
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