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Sobre a polemica do uso da bombacha

A Zero Hora publicou e a Radio Gaúcha debateu em seu programa, Time Line, a informação dada pelo Movimento Tradicionalista Gaúcho sobre o c...

A Zero Hora publicou e a Radio Gaúcha debateu em seu programa, Time Line, a informação dada pelo Movimento Tradicionalista Gaúcho sobre o correto uso desta vestimenta, que compõe a pilcha característica do povo sul-rio-grandense. Com a chamada: "MTG aperta o cerco contra as bombachas skinny", Zero Hora deu voz a uma polemica vem a tona há muitos anos, que é debatida, há xingamentos, reflexões, comprovações, mas que nunca se extingue.

Oficio como este, que Zero Hora publicou do MTG, lembrando que o uso da bombacha está "descaracterizado", já aconteceu inúmeras vezes. O problema apontado se refere ao uso da peça fora do padrão da identidade regional. A esta peça, engenhosos designers de modas, deram o nome criativíssimo de "Bombacha Campeira" ou de "Bombacha Castelhana", afinal, ninguém conhece mesmo, ninguém sabe, é só dar o nome de "queijo" que logo aparece alguém comendo um pedaço de sabão (velho ditado gaúcho).
Mas como toda moda, pega, causa polemica, dá Ibope, mas, no final, a história é a que fica. Vejamos algumas teses sobre a bombacha...
 A primeira tese apresentada por Manoelito de Ornellas em "Gaúchos e Beduínos" é a seguinte: em 711 (séc. VIII) os muçulmanos estendem seu domínio até a Península Ibérica. Tarik-ib-Ziyad, com uma legião de berberes oriundos de Maragath (localidade situada ao sul do Nilo) avançam sobre a Espanha. Esta façanha foi tão notável que o estreito de Gades passa a ser conhecido como Gibraltar (Gibel-al-Tarik, montanha de Tarick). O Califado divide a Espanha em duas partes (com exceção de Astúrias). Ao sul, ficam os árabes e ao norte os berberes. 

No século XV, acontece a expulsão dos árabes pelos reis cristãos. Os berberes coptos (cristãos primitivos) permanecem em Astorga e Lion, região que denominam Maragateria, em memória de sua terra de origem. Daí, serem chamados "maragatos". Vestem 'Maragas', nome que dão ao tipo de bombachas que usam. Foram estes descendentes de berberes que colonizaram, no Uruguai, os Departamentos de San José e Santa Luzia, San Felipe e Santiago (no séc. XVIII).

Confirmam esta opinião: Felix Contreira Rodrigues, Propício da Silveira Machado, Silvio Júlio, Manoelito de Ornellas, Cezimbra Jacques.

A segunda tese diz ser, a bombacha, sobra de uniformes da 'Guerra da Criméia'. Neste conflito envolveram-se ingleses e franceses em socorro a Turcos contra a Rússia (1854 a 1856).

Segundo Theophile Gautier (na obra L'Orient) "...esta guerra, corajosamente sustentada pela Turquia contra a Rússia, reuniu às margens do Danúbio, populações maometanas da Ásia e da África. Os "bachi bazoucks" (bandos irregulares armados) vindos de várias partes (Anatolios, Kurdos, Arnautes, Zebecks, Árabes de Damas, Egípcios, homens do Yemen, negros do Alto Egito e de Darfôur e até mesmo Indianos) apresentavam todas as variedades imagináveis do vestuário oriental, prevalecendo as calças largas gregues a l'orientale".


Léo Ribeiro de Souza -  "Voltou a tona um tema já diversas vezes debatido, ou seja, a largura da bombacha. Diversas teorias nos chegam sobre a origem da bombacha na América do Sul. A mais aceita é que tal vestimenta teria sido introduzida por intermédio do comércio britânico "na região do Rio da Prata, por volta de 1860", das sobras dos uniformes usados pelas forças coloniais, que copiavam as vestimentas dos povos conquistados. A bombacha seria, segundo esta versão, de origem turca. Vejam bem o grifo no texto - apareceu na Região do Rio da prata por volta de 1860 - portanto, quase um decênio antes de aportar aqui pelo Rio Grande do Sul, fato que ocorreu após a Guerra do Paraguai. Outra coisa errada citada no texto de hoje, da Zero Hora, é que a bombacha "castelhana" é estreita. Nunca foi. São, até, mais largas que as nossas. Basta olhar as fotos dos artistas e grupos de danças argentinos".

Elias regules - 1894 Cria a Sociedad La Criolla

Embanderado na reivindicação das coisas da tradição gaucha no uruguai, em 24 de maio de 1894, programa um piquenique em uma fazenda em Piedras Blancas, com um passeio de cavaleiros do centro da cidade, estilo crioulo e com cavalos com estilo campesino. A caminhada é realizada com todo o sucesso. Depois de um almoço Elias Regules destaca os valores do gaúcho e as tradições desta terra e propõe a fundação de uma entidade para preservar os costumes nacionais com origem na fundação da pátria. Foi assim que surgiu a sociedade "La Criolla". Quando concordaram, no dia 25 de maio, eles se encontram na barraca de circo  e, ali mesmo, 33 homens estabelecem as bases do primeiro movimento tradicionalista. O culto nativista entrou na alma do povo uruguaio. (Olhem na foto, no seculo XIX, Elias Regules, importante médico uruguaio, com uma bombacha castelhana).

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O Movimento Tradicionalista Gaúcho é uma entidade privada, que estabelece regras de convivência e relacionamentos exclusivamente para seus filiados. As entidades filiadas ao MTG tem responsabilidades sociais e culturais. Entre elas, a preservação da identidade do povo gaúcho. Quando aparece alguém dizendo: "Não me representa", "quem deu esse título", esse poder... Simples meu amigo, basta olhar a história e, se tudo chegou até os dias atuais, é por que neste caminho alguém lutou para preservar. Mas isso é um debate de opiniões. Como diz o velho ditado: "Opinião e nariz.. cada um tem o seu" - é o mesmo que discutir politica, religião e futebol.

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Jairo Reis - "O MTG não obriga todo o povo do Rio Grande a utilizar a sua indumentária padrão. Cada um pode usar a indumentária que quiser, desde que nos eventos oficias, promovidos pelo MTG, as regras sejam obedecidas. É fácil de entender, não? Ocorre que, os veículos de comunicação, ao publicarem a notícia, não deixam claro este importante detalhe. Parece até que fazem de proposito, para gerar polêmica. E a exasperação só existe por que as coisas não são bem explicadas.  Pensando bem, cá pra nós, a grande maioria da população rio-grandense não se interessa em saber mais sobre a cultura gaúcha e por isto acaba virando massa de manobra, atuando em favor daqueles que gostam de promoverem tumultos, tornando as coisas ainda mais complicadas".


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Perguntas que ficam: Bombacha Campeira? Bombacha Castelhana? Bombacha Skinny?
Bombacha é bombacha. E a preservação se dá quando se representa... e nos rodeios e festividades... estamos representando. Então... dá um tempo!


Fonte: blog do Rogério Bastos


 DE VOLTA O VELHO DEBATE SOBRE A LARGURA DA BOMBACHA

MTG, com razão, combate este tipo de bombacha nos eventos que promove

Voltou a tona esta semana um tema já debatido a exaustão por estas paragens, ou seja, a largura da bombacha, tudo em função da publicação nas redes sociais e no jornal Zero Hora de uma manifestação do MTG que estará fiscalizando mais a miúde, nos rodeios que patrocina, esta peça da indumentária do gaúcho. Na verdade não tem nada de novo nesta história toda pois tal discussão teve origem quando foi aprovada as Diretrizes das Pilchas, naquele longínquo Congresso (ou convenção?) Tradicionalista de Tramandaí. Ali começou, de certa forma, uma generalização da vestimenta, isto é, não se respeitou as características regionais do Estado.

Por outro lado, o que as pessoas não entendem, ou fazem que não entendem, é que o Movimento Tradicionalista Gaúcho é uma entidade PRIVADA e, sendo assim, faz seus próprios regulamentos. Quem desejar filiar-se ao Movimento e participar de suas atividades que cumpra suas normas e regimentos. Eu, por exemplo, admiro suas promoções, divulgo-as, sou amigo de seu Presidente Nairo Calegaro mas, por não concordar com algumas de suas diretrizes, principalmente em relação a indumentária, não faço parte da entidade. Visto-me como me agrada e como penso ser o correto. Uso boina, rastra, alpargata, jaleco, lenço curto e não deixo de ser menos gaúcho por isso.

Da mesma forma, engana quem imagina que o Movimento Tradicionalista Gaúcho representa nossa cultura como um todo. Alicerçando suas pesquisas e regendo seus princípios no gaúcho português que começou a surgir a partir da Guerra do Paraguai, isto lá pelos primórdios de 1870, ignorou, por exemplo, nossas fronteiras, costumes e origens castelhanas.  O IGTF, que poderia ajudar com seu conhecimento virou um cabide de emprego e... foi extinto num erro grosseiro de nossa administração estadual e sem nenhum pronunciamento em sua defesa de nosso Secretário de Cultura.

Tudo, aqui, precisa de muita conversa, muita pesquisa, e muito entendimento, pois ninguém é dono, totalmente da razão. Contudo, ao relacionar a bombacha estreita com a bombacha castelhana, os representantes do Movimento cometem um grave erro. A bombacha argentina e uruguaia nunca foram justas. Isto é um modismo de agora onde os gaúchos rio-grandenses também estão inseridos.

Se formos retroagir às origens da bombacha poderemos ver que ela surgiu, quase uma década antes, pelas bandas do Prata. Eram largas e coloridas.

A época em que a bombacha começou a ser utilizada pelo gaúcho, ou gaucho, não é precisa. Existem várias versões para a sua origem.

Uns afirmam que a bombacha foi introduzida por intermédio do comércio britânico na região do Rio da Prata, por volta de 1860, das sobras dos uniformes usados pelas forças coloniais, que copiavam as vestimentas dos povos conquistados. A bombacha seria, então, de origem turca, ou talvez espólio da Guerra da Criméia (como sustenta uma outra versão).

Quem já visitou os países balcânicos, principalmente a Grécia, a Macedônia, a Turquia e a Albânia, vê nas aldeias o uso disseminado dessas calças largas. Pois ela foi introduzida nos Pampas graças a um grande encalhe de mercadoria e à esperteza de comerciantes ingleses. 

Isto aconteceu em virtude de que as indústrias inglesas tinham confeccionado um grande número dessas calças para os soldados turcos, seus aliados na famosa Guerra da Criméia, que acabou sendo bem mais curta do que calculavam os bretões.

Para liquidar o Paraguai (na época um país poderoso, que teve a ousadia de possuir uma forte indústria metalúrgica e produzia mais e melhor algodão do que os Estados Unidos!), os ingleses articularam a tríplice aliança. E, além de manter a sua hegemonia comercial sobre nós e sobre as nações do Prata, desovaram as tais bombachas nos exércitos pampeiros.

Ela caiu como uma luva entre a população dos Pampas, por sua adaptação ao clima temperado e pelo conforto que propicia nas cavalgadas. Mas, se a bombacha era o traje comum para tocar o gado e varar as imensidões dos Pampas, ela era inadequada e proibida nos bailes da fronteira. Para os fandangos, o gaúcho usava calça “cola fina”, levada debaixo do pelego, para manter o vinco.

Mesmo com a globalização da informação e a “ipanemização” da cultura brasileira, a bombacha continua firme. Dos Pampas, foi para a Serra Catarinense, trazida pelos peões castelhanos que mercadejavam gado, desde o Uruguai até São Paulo. Mais tarde, seu uso espalhou-se no nosso Oeste, depois que a Ferrovia São Paulo-Rio Grande chamou a atenção dos riograndenses para a riqueza das nossas matas de Araucária e para a fertilidade da nossa terra, que era inóspita, desde as barrancas dos Rios Uruguai e Peperiguaçu até o Vale do Rio do Peixe.

Há também uma versão que diz que, durante a Invasão Moura na Península Ibérica, a calça larga teria se incorporado ao vestuário do norte da Espanha, na região chamada "La Maragateria" e depois trazida para a América do Sul pelos maragatos durante a colonização. Portanto, ela teria origem árabe.

Por fim, a última tese é de que a bombacha teria vindo com os habitantes da Ilha da Madeira.

No Rio Grande do Sul, a vestimenta passou a ser utilizada inicialmente pelos mais pobres, no trabalho nas estâncias, logo após a Guerra do Paraguai, por causa da sua funcionalidade. Depois, passou a ser usada por todos.

Hoje em dia ela (bombacha) não tem mais dono. Por isto mesmo escrevi: BRASIL DE BOMBACHAS. 

as bombachas "castelhanas" não são estreitas como defendem algumas pessoas


Fonte: blog do Léo Ribeiro


Veja mais:  Ofício do MTG alerta sobre uso incorreto da indumentária campeira e dá prazo para adequação


http://www.prosagalponeira.com.br/2018/03/oficio-do-mtg-alerta-sobre-uso.html



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