Recentemente acompanhamos o Conselho Estadual de Cultura em dois grandes eventos no estado. O 2º Congresso Estadual de Cultura, em Bento...
Recentemente acompanhamos o Conselho Estadual de Cultura em dois
grandes eventos no estado. O 2º Congresso Estadual de Cultura, em Bento
Gonçalves e o 1º Fórum Estadual de Folclore e Culturas Populares, na
UETI, em Ijuí. A convivência nos aproximou de pessoas que fazem a
cultura em nosso estado e que representam diversos segmentos. Durante a
viagem de retorno para a capital, depois do Fórum, em Ijuí,
entrevistamos o presidente do Conselho Estadual de Cultura, Marco
Aurélio Alves. Conheça um pouco deste gestor público, ex-secretário
municipal, bacharel em artes cênicas.
Nascido em Canela, Marco
Aurélio Alves, Bacharel em Artes Cênicas, iniciou sua vida
profissional, nos anos 80, como Produtor Cultural e, em seguida, uniu a
essa atividade as funções ator, diretor e professor de artes cênicas
tendo estudado e lecionado na Escuela Teatro Imagem, em Santiago, no
Chile. Depois da incursão na vida cultural, ampliou o leque de atuação
especializando-se em gestão de Cidades, tendo frequentando curso de
especialização em elaboração de projetos e captação de recursos
oferecido pela Unesco. Desde 2013 é gestor do Instituto Brasileiro da
Pessoa e estudante de psicologia.
Apaixonado pelo trabalho
realizado nos pequenos municípios, de 1993 a 1996 foi Secretário
Municipal de Cultura, Desporto e Turismo em Santo Antônio da Patrulha;
de 1997 a 2000 exerceu a função de Secretário Municipal de
Planejamento, em Tramandaí, tendo acumulado, no último ano, a função de
Secretário Municipal de Cultura e Turismo; No ano seguinte, 2001
assumiu como Secretário Municipal de Planejamento de Santo Antônio da
Patrulha permanecendo até 2006, tendo retornado ao mesmo município, de
2011 à 2012 quando foi Secretário Municipal de Desenvolvimento Social
cargo que, em 2013, exerceu no município de Três Passos. Além disso, de
2001 a 2004 presidiu a Fundação Museu Antropológico Caldas Junior.
BLOG
– Marco, depois de 31 anos da realização do primeiro, foi realizado o
2º Congresso Estadual de Cultura, em Bento Gonçalves. Por que a ideia
de realizar, neste momento, o segundo?
Marco – Há muito a se
rever, se repensar. O que era prioridade 31 anos atrás pode não ser
mais. As necessidades da população e a forma como veem a cultura, pode
não ser a mesma. Momento de se repensar.
Algumas coisas a 31
anos atrás eram prioridade. Era importante que cada órgão público
tivesse um setor apra para a cultura. 31 anos depois, existem muitos
órgãos gerindo cultura, sem dinheiro. É praticamente inócua a
existência se não tiverem a possibilidade de trabalhar, de exercer seus
projetos, executar suas ações. Havia de ser revisto! Repensar o
financiamento.
Há 31 anos, não havia nenhuma lei de incentivo,
não tinham fundos para a cultura. Hoje tem! Como elas vão? A quem elas
contemplam? Em todos estes anos nós víamos a cultura como “algo levado
para”, hoje vemos “produzido por”. Completamente diferente. Hoje a
lógica é outra.
Gestão Pública
Cada vez que falamos em
gestão, em gestão pública, a imagem é de 31 anos atrás. Nessa época não
pensávamos, sob nenhuma hipótese, de misturar carnaval, tradicionalismo
e folclore. Hoje sabemos que são necessidades, que se amparam e se
fortalecem.
BLOG – Presidente faça um balanço do 2º Congresso Estadual de Cultura:
Marco
– Voltei para Porto Alegre certo de que devemos tratar mais sobre
gestão, principalmente sobre gestão pública. Nós precisamos aprofundar
isso. Aquelas pessoas que ocupam a gestão nos municípios, ou mesmo no
estado, elas precisam entender, de novo, o que é gerir a cultura.
Eu
diria hoje, que gerir a cultura é não atrapalhar. Pois gerir de forma
ultrapassada é atrapalhar. Eu voltei convicto que os produtores
culturais e os artistas estão produzindo, apesar de todas as
dificuldades que os órgãos públicos impõem. Apesar dos órgãos públicos,
a arte sobrevive. E por isso que acho que é a hora de formarmos
gestores. Não adianta eu ficar criticando, falando mal deste ou
daquele, por que nos temos que oferecer alternativas. E por isso, uma
das primeiras questões que a gente viu quando chegou de lá é criar com
urgência um curso para gestores para a cultura, tanto público quanto
privado.
BLOG – Na área artística costumamos ouvir a frase:
“mas, além disso, no que tu trabalha?” - Como tu vê isso, como artista
e como Conselheiro de Cultura?
Marco – (risos) nunca uma pessoa
imagina que algumas profissões deixem de existir (médico, dentista,
psiquiatra...), mas a arte pode deixar de ser uma profissão. E a culpa
é de todos nós, da classe artística. Deixamos por muito tempo
enxergarem a arte como um “hobby”. Temos que valorizar a nossa
profissão. Somos profissionais da área. As vezes se ouve mais quem faz
mais barulho, o que faz mais espalhafato e, nem sempre o que faz assim,
desta forma, são os que tem maior conteúdo. Isso tem que ser revisto.
1º Fórum Estadual de Folclore e Culturas Populares
BLOG – Marco, como surgiu a ideia deste fórum e qual o balanço que tu fazes destes três dias de debates?
Marco
– O Fórum era para que se mostrasse, para a população, que as culturas
populares são relevantes. Que elas estão na ordem do dia. Que elas são
prioridade. Nós não estamos mais no momento de fortalecer as grandes
instituições, as grandes organizações, os grandes produtores. O sistema
estadual de fomento e incentivo á cultura tem este nome por que é para
fomentar e incentivar quem esta começando ou está com dificuldades.
Hoje,
eu diria que quem está com dificuldade é o folclore, o canto coral, as
bandinhas municipais. Quando nós abandonamos estes segmentos, estas
convicções, nós abandonamos por que haviam outros interesses que
julgavam que, outros segmentos, eram mais interessante, mais
significativos. De certa forma, isso era passado para as pessoas, que
era feio ter a cultura ‘folk’, ter as suas tradições... Temos que mudar
esta percepção do que seja folclore.
Escute os áudios:
Fonte: blog do Rogério Bastos
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