Por Ari Riboldi, professor e escritor Paixão Côrtes foi a figura humana que melhor simbolizou o gaúcho. Tudo nele transmitia tradici...
Por Ari Riboldi, professor e escritor
Paixão
Côrtes foi a figura humana que melhor simbolizou o gaúcho. Tudo nele
transmitia tradicionalismo, nativismo, o autêntico gaúcho, não limitado
a fronteiras geográficas e políticas. Foi o gaúcho universal que
cultuou os valores da liberdade. O lado visível do Paixão Côrtes,
corpo, forma do corpo, expressão corporal, gestos, roupa, linguagem
refletiam, para os demais, os valores interiores para os quais dedicou
a vida inteira: a cultura do gaúcho e as manifestações folclóricas do
povo.
Nele tudo era autêntico, natural. Sintonia perfeita entre
corpo e alma, entre teoria e prática, entre a ação e o conhecimento.
Desde a infância, incorporou as energias telúricas, as manifestações da
cultura popular, o mais ingênuo e natural do gaúcho universal. Não
havia necessidade de que ele fale. A manifestação desses predicados
estava implícita em sua presença física. Uma presença mítica, que se
impunha naturalmente pela força de seu corpo e de sua alma. Ele vivia,
pensava, praticava, em todos os momentos, os valores da alma gaúcha.
Como ninguém os testemunhou e deles fez a razão de sua própria
existência.
Para Paixão Côrtes, a tradição não era ditada ou
ensinada. Estava na voz do povo, nas manifestações colhidas na nascente
de nossa gente. Ele bebeu desta fonte: a sabedoria popular, expressa em
cantos, danças, ditos, festejos, crenças, lendas. O povo, para ele,
sempre tem razão, pois é a gênese das manifestações. Por isso, Paixão
Côrtes também foi um grande folclorista, com visão larga, universal,
longe de radicalismos ou bretes de disputas locais.
Viveu
intensamente, autêntico gaúcho, radialista, pesquisador, ator,
dançarino, cantor, compositor, escritor, veterinário, verdadeiro
orgulho do Rio Grande do Sul e do Brasil. E o povo quis que a cidade de
Porto Alegre tivesse justamente na sua figura a representação viva,
escolhendo em plebiscito a estátua O Laçador como símbolo da cidade de
Porto Alegre.
Paixão Côrtes é lenda viva, pelas ruas da
Capital, em andanças no interior do Estado, pelo Brasil e além
fronteiras. Com certeza, ninguém se iguala a ele pelo que fez ao
liderar o Movimento Tradicionalista Gaúcho e, com isso, desencadear o
surgimento de Centros de Tradições Gaúchas em todos os lugares do
mundo. Seu mérito maior, porém, foi o de resgatar os autênticos valores
campeiros, com seus costumes, danças, bailes, cantos de todas as
etnias, reconhecendo a contribuição dos negros, dos índios, dos nativos
e dos imigrantes. Ele não via o tradicionalismo gauchesco como uma
faceta estanque da cultura rio-grandense. Avançava para a modernidade,
sem fazer modismos, sem esquecer a seiva profunda da terra e as
heranças dignas de nossas raízes, com vistas além do horizonte. Paixão
Côrtes foi fiel ao passado, será momento vivo e visão às novas
gerações. Ele nos enche para sempre de orgulho, uma lenda viva, um
homem atemporal, um gaúcho universal, sem fronteiras.
Fonte: portal GaúchaZH
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