Aluisio desenvolveu um modo original de tocar o acordeom mesclando diferentes influências Tadeu Vilani / Agencia RBS Toda vez que prec...
Aluisio desenvolveu um modo original de tocar o acordeom mesclando diferentes influências
Tadeu Vilani / Agencia RBS
Tadeu Vilani / Agencia RBS
Toda vez que precisa soletrar seu sobrenome, Aluisio Rockembach lembra que une na mesma palavra um gênero musical rebelde e um compositor clássico.
– Não é todo mundo que tem rock e Bach no mesmo nome – brinca o músico de 39 anos.
Brincadeiras à parte, o nome parece ter mesmo determinado o destino do instrumentista e compositor. Jogador de futebol aos 16 anos, precisou abandonar o campo no momento da profissionalização, vítima de um carrinho imprudente em um amistoso. Desde então, dedicou-se à musica, meio no qual tem construído uma carreira sólida e original, conciliando estilos e vertentes que, à primeira vista, parecem tão opostos quanto um concerto de Bach e um show de rock’n’roll.
Cantando sem a impostação típica dos cantores regionalistas, em um disco com timbres pouco usuais nos álbuns da tradição gaúcha, Aluisio Rockembach foi o grande vencedor do mais recente Prêmio Açorianos de Música, que escolheu seus grandes destaques no final de março. Dona Maria, lançado por ele no ano passado, rendeu ao pelotense os troféus de melhor disco regional, melhor intérprete e disco do ano. Foi o maior reconhecimento recebido até agora pelo músico, que iniciou a carreira em 2005, atuando como acordeonista em festivais, discos e shows autorais.
Atualmente, além das apresentações solo, Rockembach realiza a direção musical dos shows de Luiz Marenco e toca com os amigos e compositores Roberto Borges, Christian Camargo, Pedro Terra, Marcelo Oliveira, André Teixeira e Luciano Fagundes, no espetáculo Concerto em Sul Maior.
Já o projeto que está a caminho flerta com o rock: Aluisio acredita que seu próximo disco deve ser gravado em parceria com o cantor Thedy Corrêa, da banda Nenhum de Nós. Em dupla, eles já realizaram alguns shows nos últimos três anos, o mais recente deles na semana passada, em Passo Fundo. O gaiteiro não vê a hora de estreitar a parceria
– Gosto muito de rock gaúcho. Para mim, é o melhor rock que existe, em termos de equilíbrio entre letra e música. Ouvi muito na minha formação.
Estilo próprio na gaita foi criado na cama
O rock foi mesmo a primeira influência musical de Aluisio. Foi só depois de quebrar o pé, naquele amistoso lá da adolescência, que o jovem resolveu se aproximar do acordeom, que o irmão estava aprendendo. Da cama, imóvel por conta da fratura, pedia para a mãe colocar os discos do Led Zeppelin e do Iron Maiden. Com a gaita repousada no peito, tentava intuitivamente acompanhar as melodias de guitarra que ressoavam das caixas de som.
– Sozinho no quarto, acompanhando os discos, peguei a dinâmica de coordenar abertura do fole com a digitação das notas da duas mãos. Depois, resolvi estudar com um professor. Na primeira aula, ele mostrou que eu estava fazendo tudo errado, o jeito de tocar, a posição das mãos... Era como se eu tivesse que aprender tudo do zero. Mas, do meu modo, eu já havia começado a aprender, então resolvi seguir desenvolvendo meu jeito de tocar por mim mesmo – conta Aluisio.
De ouvido, o músico foi desenvolvendo um modo de tocar inspirado nos acordeonistas que descobria, tendo como uma das grandes inspirações o chamameceiro argentino Raulito Borboza.
– Eu ouvia o Raulito e queria tocar igual a ele. Não entendia como ele era capaz de fazer aquele som, mas fui tirando. Depois, vi uma foto e me dei conta que ele usava um acordeom cromático, diferente do que usamos aqui. Mas isso foi bom, porque influenciou meu estilo de tocar – lembra Aluisio.
Fundindo rock, música regional e outras sonoridades, Aluisio acredita que, assim como seu sobrenome, a música é capaz de unir tudo aquilo que é aparentemente oposto. Por isso, constrói sua carreira sem se importar com rótulos. De calça jeans, All Star no pé e chapéu fedora na cabeça, declara, agarrado ao acordeom:
– Quando pequeno, acompanhava meus pais ao CTG e achava estranho que a música que eu ouvia lá não fosse tocada em outros lugares. Quero tocar minha música num CTG, mas também no bar onde tem alguém tocando blues, em um pub, em qualquer palco. A arte não pode se restringir a espaços.
Fonte: GauchaZH
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