Cena de "Our Madness": destaque no Festival Internacional de Cinema da Fronteira Papaveronoir Filmes / Divulgação Com um orça...
Cena de "Our Madness": destaque no Festival Internacional de Cinema da Fronteira
Papaveronoir Filmes / Divulgação
Papaveronoir Filmes / Divulgação
Com um orçamento quase três vezes menor do que em 2018, o Festival Internacional de Cinema da Fronteira apresenta a partir desta terça-feira (23) sua 11º edição nas cidades de Livramento e Bagé. A redução de recursos (de R$ 150 mil para R$ 60 mil), porém, não arrefece a disposição dos organizadores em oferecer uma programação, toda ela gratuita, no mesmo padrão de qualidade que consolidou a relevância do evento gaúcho.
A seleção de seis longas-metragens em competição reúne títulos nacionais e estrangeiros que passaram por grandes festivais internacionais – Berlim, Veneza, Toronto e Roterdã –, alguns deles com suas primeiras exibições no Rio Grande do Sul. Caso do drama político-familiar Domingo, de Clara Linhart e Fellipe Barbosa, rodado em Pelotas – Barbosa é autor dos elogiados Casa Grande (2014) e Gabriel e a Montanha (2017). Nesta terça e quarta-feira, as sessões são em Livramento (Sesc, Rua Brigadeiro David Canabarro, 650) e na uruguaia Rivera (Casa de Cultura, Av. Presidente Vieira, 1.084); de quinta a sábado serão em Bagé (Centro Histórico Vila de Santa Thereza).
– O Festival da Fronteira é um camaleão de resistência – diz o cineasta Zeca Brito, diretor artístico do evento. – Estamos fazendo um esforço de produção para realizar um festival nas mesmas dimensões da 10ª edição, graças ao trabalho voluntário e à articulação de municípios e universidades parceiras nos Brasil e no Uruguai.
Realizado com recursos do Sistema Pró-Cultura do Governo do Estado, com apoio das prefeituras de Bagé, Livramento e Rivera (Uruguai) e apoio institucional das universidades Urcamp, Unipampa e Udelar, o festival abriga ainda mostras com curtas de 15 países, filmes produzidos na região, oficinas e sessões especiais de longas. Araci Esteves, atriz gaúcha, é a homenageada.
A curadoria dos longas é assinada pelo jornalista Roger Lerina, com um recorte temático sobre história e memória. Em 2018, o festival ampliou o escopo de nacionalidades na competição, o que se repete agora, com títulos também do Uruguai, do México, de Portugal e de Moçambique. Zeca Brito ressalta a importância do espírito “longe demais das capitais”:
– Filmes premiados em festivais importantes como Toronto (Las Rutas en Febrero) ou Indie Lisboa (Our Madness) optaram por essa posição política, por um festival de linguagem que se coloca estrategicamente em território ambíguo, periférico. Essa mudança de eixo nos tira de um local reservado à produção do Interior e nos coloca em diálogo direto com o Exterior, driblando centros econômicos e capitais. Se somos a periferia do mundo, então encontramos nosso protagonismo, queremos ser o centro das periferias cinematográficas de nossos idiomas. Nesta edição, nos voltamos ao passado, à preservação do patrimônio. A ideia de desenvolvimento econômico pode vir por terra se os valores culturais não forem sólidos. É esse olhar carinhoso sobre ruínas e feridas que buscamos exaltar.
Longas em competição
Morto Não Fala (2018)
Com premiada trajetória no curta-metragem, Dennison Ramalho, paulista que por muitos anos viveu em Porto Alegre, colocou o cinema gaúcho no mapa da produção nacional de terror. Sua estreia em longa, rodada na Capital, tem como protagonista Daniel de Oliveira, no papel de um funcionário de necrotério com o dom de se comunicar com os mortos.
Domingo (2018)
O longa nacional dirigido por Clara Linhart e Fellipe Barbosa acompanha múltiplos pontos de vista de uma família burguesa do interior gaúcho no dia 1º de janeiro de 2003, quando Luiz Inácio Lula da Silva assume a presidência do Brasil. Durante uma festa, verdades e segredos causam mal estar entre os convidados. Rodado em Pelotas, traz no elenco a gaúcha Ítala Nandi, premiada como melhor atriz no Festival do Rio por este trabalho, Camila Morgado e Chay Suede, entre outros.
Our Madness (2018)
Uma das raras produções inteiramente filmadas em Moçambique, ex-colônia portuguesa na África. O diretor angolano João Viana tem como personagem uma mulher internada num hospício que é dona de uma peculiar habilidade musical.
Ocho de Cada Diez (2018)
Produção mexicana sobre uma história de amor permeada pela violência e pelo desejo de vingança. Ele acaba de ter o filho assassinado por criminosos. Ela foge com a filha do marido violento. Juntos, decidem se unir para fazer o que a Justiça lhes nega. O título refere-se a um dado estatístico do México: oito em cada 10 assassinatos não são investigados.
Las Rutas en Febrero (2018)
Estreia na direção de Katherine Jerkovic, uma das novas promessas do cinema uruguaio. Garota que imigrou com seus pais para o Canadá retorna a cidadezinha no interior do Uruguai para reencontrar suas raízes familiares. No lugarejo habitado por uma maioria de idosos, ela tem contato com um mundo que parece desconectado do tempo.
Caminhos Magnétykos (2018)
Edgar Pêra dirige a coprodução entre Portugal e Brasil. Na trama, um francês (Dominique Pinon) que vive em Lisboa está reticente em ter concordado com o casamento da filha de 21 anos com um homem rico, pensando na segurança financeira da família em meio a um clima de incerteza política em Portugal.
Fonte: GauchaZH
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