A construção da identidade gaúcha pode ser avaliada sob diversos aspectos. Influência é uma palavra muito ampla, é verdade. Talvez não...
A construção da identidade gaúcha pode ser avaliada sob diversos aspectos. Influência é uma palavra muito ampla, é verdade.
Talvez não expresse o sentimento desse povo tão único, tão identificado com suas raízes.
Nos tempos em que vivemos, cada vez mais se torna importante preservar, valorizar e difundir a nossa tradição. No entanto, pouco se fala sobre como essa tradição foi construída. Desde o Alasca à Patagônia, uma infinidade de etnias de povos originários povoam ou povoaram – no passado mesmo, pois muitas delas estão extintas – esse enorme continente. Portugueses e espanhóis, os colonizadores da América do Sul também desembarcaram em outras praias mundo afora.
Então, por que, afinal temos esse gaúcho?
A resposta é muito singela, mas esconde um caudal de cultura que precisamos melhor entender: influência, geografia e exploração econômica.
Como influências, sabemos que as caravelas aqui aportadas, singraram o oceano Atlântico trazendo muito mais que descobridores. Elas traziam o Ocidente, a civilização grega, a romana, o renascimento… A pampa, sua vastidão vegetal, seus ventos e soledades, sua horizontalidade variando para coxilhas, soube moldar o caráter dos homens e mulheres desta terra. E, a sua vez, a exploração econômica.
Sabemos que os primeiros descobridores se jogaram de corpo e alma aos sonhos metálicos do El-Dorado. Os aventureiros europeus buscavam, ao sul, confirmar as muitas lendas sobre um Rei Branco vivendo en una sierra de plata – depois revelada sob el cerro rico de Potosí. Nossa costa, de extensos e estéreis areais, ventos inclementes e com falta de portos naturais, despertava pouco interesse nos navegadores.
Essa falta de recursos minerais, no entanto, seria compensada, numa fase posterior, com o gado – a riqueza maior. Como bem sentenciou Severino Sá Brito: “o nosso ouro sempre foi o couro”. Se a Pampa soube moldar o caráter, o cavalo e o gado forjaram o âmago dos nossos antepassados. O trato continuado com esses animais, especialmente com o cavalo e na exploração dos gados chimarrões nas vacarias sedimentaram o que se tornaria tradição. A ciência campeira e não os acadêmicos criaram a tradição gaúcha.
A assertiva frase de Severino Sá Brito foi publicada pela primeira vez em 1928, no seu Trabalhos e Costumes dos Gaúchos. Essa obra apresenta um vívido relato sobre os costumes e tarefas campeiras nas estâncias do Sul. Dela, tomamos algumas palavras:
“Os homens criados nessa lides rudes e grosseiras eram moços na destreza, maduros no vigor e guapos na ação. Os cavalos desde potrilhos exercitavam suas forças nas correrias e depois de domados entravam em trabalhos reiterados e longos, saíam robustos e valentes, capazes de serviços de sol a sol. Tal foi o período áureo da boa cavalhada, em que com prazer se lidava e era um gosto vê-los trabalhar. […] A rusticidade dos touros se equiparava à robustez dos cavalos. Para laçar e derrubar esses animais pesados, em pleno vigor da força, só com laço grosso de inhapa forte, cincha bem resistente com látegos reforçados. […] Como se vê não era só no guerrilhar freqüente que o nosso camponês se colocava em contínuo contato com o perigo ou a morte. Era também nesses trabalhos arriscados em que se exercitavam a sua intrepidez, coragem, perícia, decisão pronta, espírito de união”.
O período da Idade do Couro, como entrou para a história, durou cerca de um século. Um longo tempo em que as rudes lides das vacarias assentaram conhecimentos, vivências e habilidades. Essa ciência campeira – com um acumulado cultural – passou para as sesmarias, depois estâncias e depois… depois virou tradição.
Fonte: portal Estância Virtual
Talvez não expresse o sentimento desse povo tão único, tão identificado com suas raízes.
Nos tempos em que vivemos, cada vez mais se torna importante preservar, valorizar e difundir a nossa tradição. No entanto, pouco se fala sobre como essa tradição foi construída. Desde o Alasca à Patagônia, uma infinidade de etnias de povos originários povoam ou povoaram – no passado mesmo, pois muitas delas estão extintas – esse enorme continente. Portugueses e espanhóis, os colonizadores da América do Sul também desembarcaram em outras praias mundo afora.
Então, por que, afinal temos esse gaúcho?
A resposta é muito singela, mas esconde um caudal de cultura que precisamos melhor entender: influência, geografia e exploração econômica.
Como influências, sabemos que as caravelas aqui aportadas, singraram o oceano Atlântico trazendo muito mais que descobridores. Elas traziam o Ocidente, a civilização grega, a romana, o renascimento… A pampa, sua vastidão vegetal, seus ventos e soledades, sua horizontalidade variando para coxilhas, soube moldar o caráter dos homens e mulheres desta terra. E, a sua vez, a exploração econômica.
Sabemos que os primeiros descobridores se jogaram de corpo e alma aos sonhos metálicos do El-Dorado. Os aventureiros europeus buscavam, ao sul, confirmar as muitas lendas sobre um Rei Branco vivendo en una sierra de plata – depois revelada sob el cerro rico de Potosí. Nossa costa, de extensos e estéreis areais, ventos inclementes e com falta de portos naturais, despertava pouco interesse nos navegadores.
Essa falta de recursos minerais, no entanto, seria compensada, numa fase posterior, com o gado – a riqueza maior. Como bem sentenciou Severino Sá Brito: “o nosso ouro sempre foi o couro”. Se a Pampa soube moldar o caráter, o cavalo e o gado forjaram o âmago dos nossos antepassados. O trato continuado com esses animais, especialmente com o cavalo e na exploração dos gados chimarrões nas vacarias sedimentaram o que se tornaria tradição. A ciência campeira e não os acadêmicos criaram a tradição gaúcha.
A assertiva frase de Severino Sá Brito foi publicada pela primeira vez em 1928, no seu Trabalhos e Costumes dos Gaúchos. Essa obra apresenta um vívido relato sobre os costumes e tarefas campeiras nas estâncias do Sul. Dela, tomamos algumas palavras:
“Os homens criados nessa lides rudes e grosseiras eram moços na destreza, maduros no vigor e guapos na ação. Os cavalos desde potrilhos exercitavam suas forças nas correrias e depois de domados entravam em trabalhos reiterados e longos, saíam robustos e valentes, capazes de serviços de sol a sol. Tal foi o período áureo da boa cavalhada, em que com prazer se lidava e era um gosto vê-los trabalhar. […] A rusticidade dos touros se equiparava à robustez dos cavalos. Para laçar e derrubar esses animais pesados, em pleno vigor da força, só com laço grosso de inhapa forte, cincha bem resistente com látegos reforçados. […] Como se vê não era só no guerrilhar freqüente que o nosso camponês se colocava em contínuo contato com o perigo ou a morte. Era também nesses trabalhos arriscados em que se exercitavam a sua intrepidez, coragem, perícia, decisão pronta, espírito de união”.
O período da Idade do Couro, como entrou para a história, durou cerca de um século. Um longo tempo em que as rudes lides das vacarias assentaram conhecimentos, vivências e habilidades. Essa ciência campeira – com um acumulado cultural – passou para as sesmarias, depois estâncias e depois… depois virou tradição.
Fonte: portal Estância Virtual
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