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Conheça o crime por trás da música "Luna Cautiva"

“De nuevo estoy de vuelta Después de larga ausencia Igual que la calandria Que azota el vendaval Y traigo mil canciones Como leñita seca ...

“De nuevo estoy de vuelta
Después de larga ausencia
Igual que la calandria
Que azota el vendaval
Y traigo mil canciones
Como leñita seca
Recuerdo de fogones
Que invitan a matear”

Cada lugar que entrei depois de voltar ao trabalho foi cantando a Luna Cautiva, de José Ignacio “Chango” Rodríguez, eternizada por vários cantores argentinos. Passados seis meses de licença-maternidade, cá estou “de vuelta” aos espaços dedicados à cultura gaúcha na nossa RBS: Galpão Crioulo da TV e da Rádio Gaúcha e em nosso espaço em Zero Hora e GaúchaZH. Sempre apreciei conhecer as historias das músicas, como foram compostas, como são formadas as parcerias e de onde vem a inspiração. Com a música na cabeça, fui atrás saber mais como esse clássico do folclore argentino passou a existir.

E não é que a história é supercuriosa? Contam as testemunhas (sim, porque virou processo judicial), que estavam em uma tertúlia musical na casa de um amigo quando um intérprete cantou. Ao apresentar os autores de uma das canções, esqueceu-se de um dos compositores. Foi o suficiente para Chango embrabecer-se e a peleia se armar.

Foi do lado de fora da casa, depois de expulsos pelo proprietário, que Chango matou seu próprio compadre. Por esse crime foi condenado a 12 anos de prisão e, “en la carcel” compôs Luna Cautiva, depois de casar-se lá dentro com a Gringa, seu grande amor.

“Tu amor es una estrella, con cuerdas de guitarra, una luz que me alumbra en mi oscuridad… Sos mi luna cautiva, Que me besa y se va”, diz o poema desta zamba eternizada no cancioneiro latino-americano.

“El toro mañero”, que Chango menciona na música, é esse destino de prisão e morte que lhe tocou viver durante quatro anos, até um indulto e ser liberto.

Luna Cautiva, seu grande hit, saiu de lá muito antes de seu autor. O primeiro a tocá-la foi Horacio Guarany em 1967, que visitou o amigo na prisão três anos após o crime que lhe privou a liberdade.

Certo que o fato fez com que as canções de Chango se popularizassem, mas não seu nome. Diversas vezes ouvi Luna Cautiva ser creditada a outros artistas argentinos, como Cafrune ou o próprio Guarany.

Ironia desse destino: o crime contribuiu para que o autor ficasse no esquecimento, contrariando o motivo que lhe fez perder a cabeça naquela noite. Chango morreu em 1975 e, por muito tempo, foi espécie de compositor maldito no cancioneiro do país vizinho. Em 2014, o governo argentino lhe rendeu homenagem pelos cem anos de seu nascimento, reconhecendo a contribuição de sua obra.

Em tempo: conto a curiosidade da música, mas diferente de Chango, estou longe de vir da prisão. Afinal, filho é amor, carinho e liberdade!

E lembra que neste domingo (17) já estou de volta na RBS TV e nas ondas do rádio: às 8h tem Galpão na Gaúcha com Mate Bueno e Cavaleiros da Paz. Te espero!


Por Shana Müller
Fonte: GaúchaZH

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