FOMOS DESCLASSIFICADOS! Após sermos denunciados por outra entidade participante, fomos denunciados e, consequentemente desclassificado...
FOMOS DESCLASSIFICADOS!
Após sermos denunciados por outra entidade participante, fomos denunciados e, consequentemente desclassificados. Motivo?
Já com os pés no tablado e gratos por estarmos mais um ano na final do ENART, a nossa 1ª Prenda, que inclusive é exemplo de respeito, responsabilidade e comprometimento, apresentava o grupo e, por um equívoco momentâneo, confundiu-se ao anunciar uma das danças sorteadas. Simplificando: ao invés de falar “Caranguejo” falou “Carreirinho”. Uma simples palavra trocada que invalidou toda a dedicação, que destruiu o sonho e que fez com que nossa entidade fosse desclassificada do ENART 2019.
Determinada entidade (preferimos não dizer o nome, porém, esperamos que esse texto chegue até ela), tendo consciência que determinado equívoco poderia nos desclassificar do festival, não teve dúvidas e nos denunciou por não cumprimento do regulamento, que diz que a Prenda deve falar as danças sorteadas, caso contrário o grupo deve ser desclassificado.
Pois bem, haverão aqueles que dirão que a entidade agiu de forma correta, afinal, o regulamento deve ser cumprido, não é mesmo? Ou, haverão aqueles que questionarão a relevância deste erro para a apresentação, consequentemente para o bom andamento do maior festival amador da América Latina.
Participo do CTG Pousada dos Carreteiros desde 2005 e, destes 14 anos, muitos foram representando-o como prenda de faixa e, consequentemente, defendendo o Movimento Tradicionalista Gaúcho por onde fosse. Hoje, desconheço o Movimento pelo qual dediquei muitos anos da minha vida. Conheço seus documentos norteadores e não os reconheço na postura assumida pelo MTG, consequentemente suas entidades, em muitos momentos.
Não questiono aqui o cumprimento do regulamento, afinal, se ele existe deve ser cumprido. Questiono, porém, a conduta assumida pelas entidades tradicionalistas e a elaboração de um regulamento que acoberta esse tipo de atitude. Pensem comigo.
O Regulamento do ENART traz, na primeira página, a finalidade e objetivos do festival:
Art. 1º - O Encontro de Artes e Tradição Gaúcha - ENART, tem por finalidade a preservação,
valorização e divulgação das artes, da tradição, dos usos e costumes e da cultura popular do Rio Grande do Sul.
Art. 2º - O Encontro de Artes e Tradição Gaúcha - ENART tem por objetivos:
I - promover o intercâmbio cultural, além de uma retomada de CONSCIÊNCIA DOS VALORES MORAIS do gaúcho entre os participantes das diversas regiões culturais Rio-grandenses; [...]
III - promover a HARMONIA, a INTEGRAÇÃO e o RESPEITO evitando-se a projeção da vaidade e o personalismo entre os participantes;
IV - VALORIZAR O ARTISTA AMADOR do Rio Grande do Sul, evitando atitudes pessoais ou coletivas que deslustrem os princípios de formação moral do povo gaúcho; [...]
Ao mesmo tempo, a Resolução 01/2016, publicada pelo Movimento Tradicionalista Gaúcho, atesta que a prenda, no momento de apresentar sua entidade, entre outros pontos, deve falar as danças apresentadas e, caso isso não seja feito, o grupo deverá ser desclassificado. Pois bem, estamos falando do mesmo regulamento? Ambos documentos referem-se ao mesmo festival? Eles prezam pelo mesmo fim? Afinal, trata-se de um festival AMADOR, porém, espera-se a perfeição e a nulidade de erros. Será que os regulamentos devem ser revistos?
A partir do momento que uma entidade quer a desclassificação de outra para garantir o seu sucesso e, o próprio regulamento do ENART aceita isso, quem somos nós para questionar? Quem somos nós para manifestar indignação e repúdio? Enquanto eles estão com o regulamento embaixo do braço, nós estamos fechando as malas e voltando para casa com o mesmo sonho que todo o dançarino que vai para o ENART tem. Ou, talvez, os dançarinos daquela referida entidade não sonham? Não erram?
Esse ENART não me serve. Não me deixa feliz e orgulhosa por estar lá. Esse ENART me fez querer ir embora. Me deixou triste e com raiva por ter que aceitar a ignorância, vaidade e individualidade.
Hoje, questiono-me se o Movimento, que tanto defendi, realmente pratica os seus documentos norteadores, ou se eles existem somente para serem abordados em provas de prendas e peões. A Carta de Princípios, cláusula pétrea do MTG, diz que TODO o tradicionalista deve “[...] IV - Facilitar e cooperar com a evolução e o progresso, buscando a harmonia social, criando a consciência do valor coletivo, combatendo o enfraquecimento da cultura comum e a desagregação que daí resulta.”
Somos sim uma entidade de cidade pequena, que chegou a final do ENART com sete pares. Nem por isso somos pequenos. Somos grandes por sermos respeitosos e empáticos com o sonho dos outros. Hoje, me pego a pensar como cada dançarino da entidade que nos denunciou se sentiria se tivesse que responder “FOMOS DESCLASSIFICADOS” aos diversos que perguntam “FOI LINDA A APRESENTAÇÃO, COMO FORAM?”.
Para quem vê esse texto como “dor de cotovelo” por não classificar, peço que leia novamente sob outra perspectiva. Esse não é o problema, afinal, ano que vem tem mais uma edição do ENART e por aí vai. O problema é que tipo de ENART será promovido. Qual ENART deve ser valorizado e super estimado como fizemos até então? Por favor, deixemos de ser hipócritas. Vamos parar de olhar somente para o nosso grupo e perceber que o antigo Mobral, Fegart e hoje ENART idealizado, não existe mais.
Vamos continuar sonhando com um ENART onde um grupo é desclassificado por causa da prenda errar uma palavra; onde um grupo é desclassificado por ter uma barraca que ultrapassa o limite de altura; onde um blog, que trabalha voluntariamente, não pode fazer o seu trabalho?
Apesar de desclassificada, voltei pra casa com orgulho de fazer parte de uma entidade como o CTG Pousada dos Carreteiros, que SEMPRE defendeu os princípios de simplicidade, humildade e respeito. Uma entidade que a cada ano alcança reconhecimentos que jamais imaginaria, sem desrespeitar ou excluir alguém. Simplesmente, uma entidade tradicionalista como aquelas que Paixão Côrtes sonhava.
Assim, pela primeira vez, optei em manifestar minha opinião que, para muitos, pode não valer nada, mas para mim, diz muito sobre a minha vida. A desclassificação zerou nossa dedicação, nossa apresentação e, por hora, nosso sonho. Com essa mesma animação da foto, damos início a uma nova caminhada, com a esperança de momentos melhores.
E, se for para voltarmos ao ENART, que seja ao lado de grupos de respeito e não como estes que acreditam ser bons.
Fonte: blog do Rogério Bastos
Após sermos denunciados por outra entidade participante, fomos denunciados e, consequentemente desclassificados. Motivo?
Já com os pés no tablado e gratos por estarmos mais um ano na final do ENART, a nossa 1ª Prenda, que inclusive é exemplo de respeito, responsabilidade e comprometimento, apresentava o grupo e, por um equívoco momentâneo, confundiu-se ao anunciar uma das danças sorteadas. Simplificando: ao invés de falar “Caranguejo” falou “Carreirinho”. Uma simples palavra trocada que invalidou toda a dedicação, que destruiu o sonho e que fez com que nossa entidade fosse desclassificada do ENART 2019.
Determinada entidade (preferimos não dizer o nome, porém, esperamos que esse texto chegue até ela), tendo consciência que determinado equívoco poderia nos desclassificar do festival, não teve dúvidas e nos denunciou por não cumprimento do regulamento, que diz que a Prenda deve falar as danças sorteadas, caso contrário o grupo deve ser desclassificado.
Pois bem, haverão aqueles que dirão que a entidade agiu de forma correta, afinal, o regulamento deve ser cumprido, não é mesmo? Ou, haverão aqueles que questionarão a relevância deste erro para a apresentação, consequentemente para o bom andamento do maior festival amador da América Latina.
Participo do CTG Pousada dos Carreteiros desde 2005 e, destes 14 anos, muitos foram representando-o como prenda de faixa e, consequentemente, defendendo o Movimento Tradicionalista Gaúcho por onde fosse. Hoje, desconheço o Movimento pelo qual dediquei muitos anos da minha vida. Conheço seus documentos norteadores e não os reconheço na postura assumida pelo MTG, consequentemente suas entidades, em muitos momentos.
Não questiono aqui o cumprimento do regulamento, afinal, se ele existe deve ser cumprido. Questiono, porém, a conduta assumida pelas entidades tradicionalistas e a elaboração de um regulamento que acoberta esse tipo de atitude. Pensem comigo.
O Regulamento do ENART traz, na primeira página, a finalidade e objetivos do festival:
Art. 1º - O Encontro de Artes e Tradição Gaúcha - ENART, tem por finalidade a preservação,
valorização e divulgação das artes, da tradição, dos usos e costumes e da cultura popular do Rio Grande do Sul.
Art. 2º - O Encontro de Artes e Tradição Gaúcha - ENART tem por objetivos:
I - promover o intercâmbio cultural, além de uma retomada de CONSCIÊNCIA DOS VALORES MORAIS do gaúcho entre os participantes das diversas regiões culturais Rio-grandenses; [...]
III - promover a HARMONIA, a INTEGRAÇÃO e o RESPEITO evitando-se a projeção da vaidade e o personalismo entre os participantes;
IV - VALORIZAR O ARTISTA AMADOR do Rio Grande do Sul, evitando atitudes pessoais ou coletivas que deslustrem os princípios de formação moral do povo gaúcho; [...]
Ao mesmo tempo, a Resolução 01/2016, publicada pelo Movimento Tradicionalista Gaúcho, atesta que a prenda, no momento de apresentar sua entidade, entre outros pontos, deve falar as danças apresentadas e, caso isso não seja feito, o grupo deverá ser desclassificado. Pois bem, estamos falando do mesmo regulamento? Ambos documentos referem-se ao mesmo festival? Eles prezam pelo mesmo fim? Afinal, trata-se de um festival AMADOR, porém, espera-se a perfeição e a nulidade de erros. Será que os regulamentos devem ser revistos?
A partir do momento que uma entidade quer a desclassificação de outra para garantir o seu sucesso e, o próprio regulamento do ENART aceita isso, quem somos nós para questionar? Quem somos nós para manifestar indignação e repúdio? Enquanto eles estão com o regulamento embaixo do braço, nós estamos fechando as malas e voltando para casa com o mesmo sonho que todo o dançarino que vai para o ENART tem. Ou, talvez, os dançarinos daquela referida entidade não sonham? Não erram?
Esse ENART não me serve. Não me deixa feliz e orgulhosa por estar lá. Esse ENART me fez querer ir embora. Me deixou triste e com raiva por ter que aceitar a ignorância, vaidade e individualidade.
Hoje, questiono-me se o Movimento, que tanto defendi, realmente pratica os seus documentos norteadores, ou se eles existem somente para serem abordados em provas de prendas e peões. A Carta de Princípios, cláusula pétrea do MTG, diz que TODO o tradicionalista deve “[...] IV - Facilitar e cooperar com a evolução e o progresso, buscando a harmonia social, criando a consciência do valor coletivo, combatendo o enfraquecimento da cultura comum e a desagregação que daí resulta.”
Somos sim uma entidade de cidade pequena, que chegou a final do ENART com sete pares. Nem por isso somos pequenos. Somos grandes por sermos respeitosos e empáticos com o sonho dos outros. Hoje, me pego a pensar como cada dançarino da entidade que nos denunciou se sentiria se tivesse que responder “FOMOS DESCLASSIFICADOS” aos diversos que perguntam “FOI LINDA A APRESENTAÇÃO, COMO FORAM?”.
Para quem vê esse texto como “dor de cotovelo” por não classificar, peço que leia novamente sob outra perspectiva. Esse não é o problema, afinal, ano que vem tem mais uma edição do ENART e por aí vai. O problema é que tipo de ENART será promovido. Qual ENART deve ser valorizado e super estimado como fizemos até então? Por favor, deixemos de ser hipócritas. Vamos parar de olhar somente para o nosso grupo e perceber que o antigo Mobral, Fegart e hoje ENART idealizado, não existe mais.
Vamos continuar sonhando com um ENART onde um grupo é desclassificado por causa da prenda errar uma palavra; onde um grupo é desclassificado por ter uma barraca que ultrapassa o limite de altura; onde um blog, que trabalha voluntariamente, não pode fazer o seu trabalho?
Apesar de desclassificada, voltei pra casa com orgulho de fazer parte de uma entidade como o CTG Pousada dos Carreteiros, que SEMPRE defendeu os princípios de simplicidade, humildade e respeito. Uma entidade que a cada ano alcança reconhecimentos que jamais imaginaria, sem desrespeitar ou excluir alguém. Simplesmente, uma entidade tradicionalista como aquelas que Paixão Côrtes sonhava.
Assim, pela primeira vez, optei em manifestar minha opinião que, para muitos, pode não valer nada, mas para mim, diz muito sobre a minha vida. A desclassificação zerou nossa dedicação, nossa apresentação e, por hora, nosso sonho. Com essa mesma animação da foto, damos início a uma nova caminhada, com a esperança de momentos melhores.
E, se for para voltarmos ao ENART, que seja ao lado de grupos de respeito e não como estes que acreditam ser bons.
Fonte: blog do Rogério Bastos
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